2014-08-12 14:19:01

Nigéria: Bispo fala sobre Boko Haram


Cidade do Vaticano (RV) - “A rebelião de Boko Haram na Nigéria era esperada e é devido a uma combinação de abuso de poder, recursos e capacidade perpetrado por décadas, em total desrespeito da lei”: é o que disse, em uma entrevista à redação Inglês-África da Rádio Vaticano, Dom Emmanuel Badejo, Bispo de Oyo e Presidente do Apostolado para as Comunicações da Conferência Episcopal da Nigéria. De acordo com o prelado, os confrontos que, atualmente estrangulam o país não são o resultado de uma improvisa explosão do conflito, mas sim, o resultado da incapacidade das autoridades de responder a inúmeros sinais de alerta. Dom Badejo descreve, portanto, a responsabilidade da administração nacional, que não soube combater a corrupção e nepotismo dentro do país, e critica o governo pela forma como lidou com a perene questão do desemprego, entre os problemas que desencadearam o conflito.

É opinião entre os cristãos nigerianos, continua o Bispo de Oyo, que a insurreição do movimento "Boko Haram" seja filha dos interesses de alguns políticos do norte do país, culpados de terem armados alguns jovens rebeldes. No entanto, destaca o prelado, não se trata de simples criminosos, mas de criminosos treinados, capazes de abalar e desmoralizar até mesmo o exército nigeriano. O bispo destaca que o grupo armado não tem apenas como alvo os cristãos, suas igrejas e suas instituições, que "sofrem sérios prejuízos", mas as estruturas governamentais e inteiros vilarejos que foram destruídos e eliminados. E é isso a tornar claro os diferentes interesses internos de "Boko Haram" que variam da política, à religião, à economia, tornando-se "extremamente difícil, se não impossível de entender".

O prelado se detém, portanto, no caso dramático das 300 jovens nigerianas sequestradas em Chibok mais de cem dias atrás: representam, explica ele, "um trágico ícone da ilegalidade e da insegurança" que vige, no norte do país. Neste contexto, é importante superar a convicção, difusa entre a população, que a própria religião seja um problema e causa de conflito; isso será possível, enfatizando o bem que a religião e os religiosos têm feito e continuam a fazer na vida cotidiana das pessoas, na resolução de conflitos, no desenvolvimento e na construção da nação. Por isso, o bispo evidencia como a tragédia do conflito fortaleceu a solidariedade e as atividades caritativas da Igreja Católica na Nigéria em levar ajuda às famílias e aos jovens.

“As sangrentas atividades de Boko Haram são estranhas a alguns líderes muçulmanos como são para mim”, disse ainda Dom Badejo, contando o seu testemunho pessoal na Diocese de Oyo, onde os católicos e muçulmanos vivem juntos. “Somos somente 45 mil católicos em um total de um milhão de muçulmanos – sublinha o prelado -, e com eles, felizmente, temos uma convivência cordial”. O bispo termina a sua análise com uma crítica à comunidade internacional, definida, “hipócrita” nas suas tentativas de resolver a questão e faz, enfim, uma pergunta: "Será que é realmente impossível de rastrear a fonte dos financiamentos de Boko Haram e de outras guerras na África, em um mundo tão eficiente? ". (SP)








All the contents on this site are copyrighted ©.