2014-08-11 12:54:20

Dom Tomasi: intervenção humanitária no Iraque é necessária


Cidade do Vaticano (RV) – A ação militar talvez neste momento seja necessária, mas também é urgente fazer com que, aqueles que fornecem armas e dinheiro aos fundamentalistas, os países que tacitamente os apóiam, venham fora e acabem com este tipo de suporte: palavras do Arcebispo Silvano Maria Tomasi, Observador Permanente da Santa Sé junto à ONU em Genebra. Sobre a situação de milhares de civis expulsos de suas casas e cidades pelos milicianos jihadistas, a Rádio Vaticano ouviu Dom Tomasi:

R. - É evidente que há uma necessidade urgente de defender também fisicamente os cristãos no norte do Iraque, fornecer ajuda humanitária - alimentos, água - porque as crianças estão morrendo, os idosos estão morrendo por falta de ajuda alimentar. Temos de agir agora, antes que seja tarde demais. A intervenção humanitária é necessária a partir da realidade dessas dezenas de milhares de cristãos e de outras minorias na planície de Nínive, que tiveram que escapar sem nada ... somente com as roupas do corpo. Precisam urgentemente de ajuda. A ação militar, talvez neste momento seja necessária, mas parece-me também urgente fazer de modo que aqueles que fornecem armas e dinheiro aos fundamentalistas, os países que tacitamente os apoiám, venham fora e acabem com este tipo de suporte, que não ajuda nem cristãos nem muçulmanos.

P. – Uma situação dramática ...

R. – Trata-se de uma nova tragédia no Oriente Médio, onde os direitos humanos fundamentais de muitas pessoas e comunidades inteiras são violados. Estamos diante de uma situação muito difícil: de um lado temos esses fundamentalistas jihadistas, que em nome de um Califado que desejam criar, estão destruindo e matando sem piedade e, de outro, uma certa indiferença por parte do mundo ocidental. Quando se trata de cristãos, de fato, existe um falso pudor para falar e defender seus direitos. Portanto, é um momento em que a voz da consciência deve emergir com clareza.

P. - Agora, no entanto, algo está se movendo ...

R. - A comunidade internacional está começando a fazer alguma coisa. Vimos o Secretário-Geral das Nações Unidas, que falou de inaceitáveis crimes cometidos contra os cristãos, finalmente mencionando os cristãos pelo nome; também, o Conselho de Segurança discutiu a questão das minorias no Oriente Médio, especialmente os cristãos e outros grupos que estão mais em risco. Então, eu diria que este é o início de uma mudança de atitude, em que são explicitamente citados os cristãos, que são expostos a uma violação radical dos seus direitos, no contexto da complexidade política e militar que vemos no Oriente Médio. A novidade parece-me que seja também o fato de alguns muçulmanos, como o Secretário-Geral da Organização de Cooperação Islâmica, terem usado palavras bastante fortes para condenar esta perseguição de cristãos inocentes e para defender os seus direitos; não só a não serem assassinados e respeitados em seu ambiente, mas também o direito a viverem em suas casas, como todos os outros cidadãos do Iraque, por exemplo, ou da Síria. Um Oriente Médio sem cristãos seria um empobrecimento, não só porque a Igreja estaria ausente, mas também para o próprio Islã, que careceria de um impulso à democracia e de um sentido de diálogo com o resto do mundo. (SP)








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