Rio de Janeiro (RV) - O título de Nossa Senhora de Nazaré surgiu com antiga
tradição cristã do primeiro século, com fatos que incluíam São José e São Lucas, mas
que sabemos que tudo se inicia com o anúncio do Arcanjo Gabriel. Uma imagem de Maria,
encontrada em Nazaré, teria sido levada para o mosteiro de Cauliniana, na Espanha.
Depois, já no século VI, no ano de 711, foi levada para Portugal.
Com a invasão
dos mouros em Portugal, o rei Rodrigo, último rei visigodo da Península Ibérica, fugiu
levando as relíquias de São Brás, São Bartolomeu e a imagem de Nossa Senhora de Nazaré
junto com sua família e com Frei Romano, que sempre o acompanhou. Antes de morrer,
Frei Romano escondeu a imagem numa gruta. A imagem ficou ali por mais de 400 anos.
Ela foi descoberta em 1182, por pastores que andavam pela região. Por causa da sua
simplicidade, beleza e diferença dos padrões de imagens, Nossa Senhora de Nazaré voltou
a ser venerada. Quanto ao milagre: o cavaleiro Diego Fuas Roupinho, que era Alcaide
do porto de Mós e Almirante de Dom Afonso, foi salvo por milagre por intercessão de
Nossa Senhora de Nazaré.
Ele perseguia uma caça num dia de muita neblina. A
caça caiu num abismo por causa da cerração. O cavaleiro não sabia que corria para
o abismo. Mas, antes que caísse, ele vinha rezando à Senhora de Nazaré para que o
protegesse. De repente, então, o cavalo parou. A cerração se dissipou e ele viu que
estava à beira de um abismo onde a caça tinha caído. Após esse milagre, a vila onde
isto ocorreu passou a ser chamada de Vila de Nossa Senhora de Nazaré. Lá, foi construída
uma pequena capela por Diego Roupinho, o cavaleiro salvo. Hoje existe ali uma Igreja
em homenagem a Nossa Senhora.
Os Jesuítas foram os primeiros responsáveis em
propagar a devoção de Nossa Senhora de Nazaré por toda a região de Portugal e, posteriormente,
para toda a Europa. A principal casa de estudos e noviciado do mosteiro Jesuíta em
Portugal é dedicada a Nossa Senhora de Nazaré. A devoção iniciou no Brasil, pelo
que se tem notícia, aqui em nossa região. Conta-se que no dia 8 de setembro do ano
de 1630, após uma grande tempestade, um pescador saiu para ver suas redes no mar de
Saquarema. Ao passar diante de um morro, onde hoje está erguida a Igreja Matriz dedicada
a Nossa Senhora de Nazaré, viu uma forte luz e foi verificar o que era. No local do
brilho, ele encontrou a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Levou a imagem para sua
casa na vila dos pescadores, reuniu todos os pescadores, fizeram orações e foram dormir.
No dia seguinte, a imagem reapareceu no local onde havia sido encontrada. Isso aconteceu
por duas vezes. Todos entenderam que era para construir uma capela naquele local.
Muitos milagres aconteceram a partir de então e a capela ficou pequena, sendo necessário
construir uma igreja bem maior. Sua festa é celebrada no dia 8 de setembro.
A
Festa do Círio de Nazaré em Belém do Pará, na região norte do Brasil, foi precedido
pelo de Vigia de Nazaré. Porém, ela tornou-se conhecida e celebrada com solenidade
em Belém do Pará desde 1793, e hoje, participada por mais de 2 milhões de pessoas
no segundo domingo de outubro. Mas ao todo são 12 procissões (romarias) durante o
mês de Outubro, que marcam a vida, a fé e a cultura paraenses. O nome círio vem das
velas que acompanham a procissão, hoje a da transladação no sábado à noite. Círio
é uma palavra que significa vela grande. A devoção à Senhora de Nazaré iniciou-se
com o encontro da imagem pelo jovem Plácido. Até hoje essa imagem se encontra na Basílica
Santuário como testemunho de um povo devoto, e se tornou a maior festa católica do
mundo dedicada à Mãe de Jesus.
Aqui no Rio de Janeiro temos essa devoção há
dezenas de anos. Existem paróquias, capelas e irmandades dedicadas a ela. Porém, há
seis anos começamos a receber a imagem peregrina. Foi uma iniciativa da Diretoria
do Círio de Belém de visitar as capitais do Brasil, hoje expandida para outras cidades
e regiões. Como aqui encontrou um numeroso público paraense e outro também devoto
de Nossa Senhora de Nazaré, essa visita passou a se repetir a cada ano. A imagem
peregrina chegou no dia 1º de agosto e ficou entre nós até o dia 4 de agosto, quando
pudemos ter momentos marcantes junto com a imagem da “Virgem de Nazaré”. O tema deste
ano foi: “Vocacionados à Caridade”.
Foram belos e importantes momentos para
reavivar a nossa vida de fé e nos impulsionar para o futuro. De maneira especial neste
Ano da Caridade e neste Mês Vocacional.
Rezemos juntos: Ó Virgem Imaculada
de Nazaré, fostes na terra criatura tão humilde, a ponto de dizer ao Anjo Gabriel:
Eis aqui a escrava do Senhor. Mas por Deus fostes exaltada, e preferida entre todas
as mulheres, para exercer a sublime missão de Mãe do Verbo Encarnado. Adoro e louvo
o Altíssimo que vos elevou a essa excelsa dignidade e vos preservou da culpa original.
Quanto
a mim, soberbo e carregado de pecados, sinto-me confundido e envergonhado perante
vos. Entretanto, confiando na bondade e ternura de vosso Coração Imaculado e maternal,
peço-vos a força de imitar a vossa humildade, e participar da vossa caridade, a fim
de viver unido, pela graça, ao vosso divino filho Jesus. Assim como vós viveste no
retiro de Nazaré. Para alcançar essa graça, quero, com imenso afeto e filial devoção,
saudar-vos como o arcanjo Gabriel: Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco,
bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa
Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
Nossa
Senhora de Nazaré, rogai por nós que recorremos a Vós! Amém.
Cardeal Orani
João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro,
RJ