2014-08-09 11:17:44

Editorial: Peregrino nas estradas do Oriente


Cidade do Vaticano (RV)RealAudioMP3 Terceira viagem Apostólica internacional do Papa Francisco; depois do Rio de Janeiro e da Terra Santa, agora o “homem que veio do fim do mundo” vai para um mundo distante do nosso, vai ao extremo Oriente, seu destino é a Coreia do Sul.
O Pontífice está ultimando os seus preparativos para, com sua maleta de mão, embarcar no avião que o levará à Coreia onde permanecerá de 14 a 18 próximos. Um país que teve a alegria de receber São João Paulo II duas vezes: a primeira em maio de 1984 e a segunda, em outubro de 1989, quando da realização do Congresso Eucarístico Internacional.
Desde os primeiros momentos do anúncio oficial da visita o povo dessa nação, - católicos e não-católicos -, expressou a sua alegria e satisfação pela chegada do Papa, um personagem muito estimado naquele país.
As primeiras reações dos próprios meios de comunicação locais e asiáticos falam de uma visita que representa, além da confirmação da fé para os fiéis católicos, de uma espécie de “vitória” da diplomacia sul-coreana que durante anos esperava uma visita do Papa; uma nação onde a Igreja Católica viu seu nascimento através do sangue de milhares de mártires.
De fato, um dos motivos pelos quais Francisco irá à Coreia é precisamente a beatificação de 124 mártires coreanos que deram a sua vida por Cristo e pela fé cristã durante a perseguição no final do século 18: em 1984 o Papa João Paulo II canonizou 103 mártires, entre eles Santo André Kim Dae-gon (o primeiro sacerdote, o primeiro mártir e o primeiro santo sul-coreano), patrono da Igreja coreana.
E dos mártires passamos ao outro motivo que leva o Santo Padre ao extremo Oriente: a VI Jornada Asiática da Juventude, que se realizará na Diocese de Taejon com o lema: “Jovens da Ásia, despertem! A glória dos mártires resplandece sobre vocês”. Certamente, um momento que irá fazer com que Francisco retorne com seu pensamento e coração à JMJ do Rio, onde ele se encontrou com mais de 3 milhões de jovens provenientes de todas as partes do mundo e indicou—lhes o caminho a seguir: ide, sem medo, para servir.
Sem fazer uma comparação entre os dois eventos a Jornada dos jovens asiáticos tem um volume de presença muito inferior, mas não menos intenso. Serão cerca de 2 mil jovens provenientes de cerca 29 países.
O Papa quer rezar com os jovens da Ásia, porque sabe que eles podem se transformar em apóstolos da paz; quer rezar com as famílias, fundamento da sociedade e da Igreja; quer encontrar os bispos e sacerdotes e confirmá-los na sua missão de evangelizadores.
A Igreja sul-coreana é a primeira da Ásia a acolher Francisco, que através da Jornada da juventude se comunicará com os jovens deste grande continente, definido por João Paulo II, a primavera da Igreja Católica no Terceiro Milênio; será uma espécie de porta para a evangelização da Ásia.
Um sinal negativo nesta viagem, a não participação de fiéis da Correia do Norte, aos quais não foi permitido pelo governo de Jim Il-sung participar na missa que o Papa celebrará dia 18 de agosto na Catedral Myeongdong.
Sim porque o Pontífice vai à Coreia para rezar também pela reconciliação da península, um tema sobre o qual a Igreja coreana tem repetidamente mostrado particular interesse e dedicação. Francisco vai entregar uma mensagem de paz e reconciliação às duas partes. O Papa - esperam em muitos -, poderá contribuir para a paz nesta terra que já sofreu tanto, e continua sofrendo pela divisão entre norte e sul. A Coreia, com a visita do Papa estará novamente no centro do interesse do mundo, pois cada visita papal é sempre considerada um evento de importância mundial.
A escolha de Francisco de como primeiro país da Ásia visitar a Coreia, um país dividido, é a expressão evidente do seu desejo de paz. O Papa vai também a essa terra para rezar pela paz e reconciliação, uma ferida aberta no coração do povo coreano.
A visita chama também a atenção de líderes de outras religiões que dão as boas-vindas ao Sucessor de Pedro. Durante a Conferência dos Religiosos para a Paz, que se realizou em 2 de Abril passado, líderes protestantes, anglicanos, budistas, confucionistas tornaram pública uma declaração em que se afirmam “felizes pela visita do papa, que certamente promoverá o diálogo inter-religioso”.
A Igreja coreana que receberá Francisco é uma igreja que continua a crescer. Segundo os dados da Conferência Episcopal, os católicos no país somam cerca de 5 milhões e 400 mil, o que corresponde a 10,4% da população, de 48,6 milhões de pessoas. As dioceses são quinze.
No próximo dia 14 quando tocará a terra coreana, Francisco levará em sua bagagem todo o amor do Sucessor de Pedro a uma terra onde a fé cristã nasceu do sangue dos mártires, e onde as esperanças de reunificação, de vida em comum com a realidade do Norte, ainda são latentes e fortes. O Papa vai para confirmar nossos irmãos na fé e para fazê-los se sentirem partícipes de uma fé vivida e partilhada por milhões de pessoas em todas as partes do mundo. Como peregrino Francisco vai tocar os corações e ser tocado pelo amor dos fiéis do extremo Oriente, artífices de uma verdadeira Nova Evangelização. Uma viagem para que a Coréia e toda a Ásia conheçam a paz do Senhor e uma oportunidade para que os pobres, os marginalizados, voltem a ter esperança. (Silvonei José)







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