Abertura do Concílio: a troca de mensagens entre João XXIII e João Goulart
Cidade do Vaticano
(RV) – No nosso Espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano, vamos
tratar na edição de hoje da dimensão política do evento conciliar e a troca de mensagens
entre o Papa João XXIII e o governo brasileiro.
O Concílio Vaticano II era
um evento originalmente religioso. Mas estando a Igreja presente nas realidades vividas
nos cinco continentes, não havia como separá-lo também de uma dimensão política. Isto
decorria, entre outros, pela singular situação da Santa Sé, uma figura de direito
internacional, que fala pela Igreja Católica e, ao mesmo tempo, é um Estado, a Cidade
Estado do Vaticano.
Este aspecto foi relevante também na preparação do Concílio,
quando a diplomacia vaticana não mediu esforços nas negociações com os países da ‘Cortina
de Ferro’ (leste europeu) e da ‘Cortina de Bambu’ (referência à República Popular
da China). Em outras palavras, as tensões leste-oeste, direta ou indiretamente, estavam
presentes no evento religioso.
Mas o Concílio viu não somente a participação
de religiosos dos quatro cantos do planeta, mas também delegações oficiais de diversos
países. Na véspera da abertura, isto é, no dia 10 de outubro, chegaram a Roma os bispos
brasileiros em um avião da PANAIR, contratado pelo governo brasileiro. Os integrantes
da delegação oficial que representava o governo brasileiro na abertura do evento conciliar
- o ex-Chanceler Senador Afonso Arinos de Mello Franco, o Embaixador junto à Santa
Sé, Henrique de Souza Gomes e o Dr. Alceu Amoroso Lima -, junto aos superiores e estudantes
do Colégio Pio Brasileiro, estavam presentes no Aeroporto Fiumicino para recebê-los.
O
Brasil passava por um período de instabilidade política, o que trazia preocupação
ao episcopado. Muitos tinham receio em deixar o país. Mas do ponto de vista oficial,
houve uma troca de mensagens entre o Presidente João Goulart e o Papa João XXIII.
Eis o que o Presidente Brasileiro escreveu: (clique acima para ouvir)