2014-08-05 15:04:56

Arcebispo de Bangui: risco que a República Centro-Africana se torne um Ruanda


A situação na República Centro-Africana "é precária. Bangui está vivendo um período de trégua e quase cessaram os tiros. Ainda há bandidos que roubam. As forças da EUFOR (União Europeia) têm realizado um trabalho apreciado pela população. A vida está a retomar com as atividades e o tráfego nas estradas. O interior do país está nas mãos de grupos armados que às vezes controlam uma cidade inteira" – assim o arcebispo de Bangui e Presidente da Conferência episcopal centro-africana D. Dieudonné Nzapalainga apresenta a situação do País numa entrevista com o Sir.
Nos últimos dias, segundo uma fonte da ANSA, pelo menos 22 pessoas, na sua maioria civis, foram mortas em violentos confrontos entre milícias anti Balaka e ex-rebeldes Seleka em Batangafo (300 km ao norte de Bangui). O prelado adverte contra o perigo de a situação se deteriorar ainda mais: "O risco de que a República Centro-Africana se torne um Ruanda - diz ele - é real e estamos a tentar conscientizar aos beligerantes para evitar esta tragédia ao nosso povo. Estamos sentados por cima da brasa e algumas pessoas, movidas pelos seus interesses, jogam alimentando o fogo. Se alguém toma posições extremistas, podemos facilmente afundar na barbárie”.
Neste período de violências "a Igreja – continua D. Nzapalainga - permaneceu como mãe e acolheu os deslocados. Três quartos dos locais de acolhimento são lugares da Igreja: conventos, presbitérios, paróquias, seminários. A Igreja tem protegido, nutrido e defendido os pobres. Actualmente sensibilizamos os cristãos para a não-violência, o perdão, a tolerância, a reconciliação e, sobretudo, o respeito pela vida". "Nós pregamos o desarmamento das mentes e dos corações para uma nova República Centro-Africana, onde podemos viver juntos na diversidade", sublinha o Bispo, recordando que "o inimigo tem nomes precisos: orgulho, ódio, vingança, ressentimento, violência", enquanto que "a Igreja convida os seus filhos à conversão”.
A propósito da condição dos refugiados hospedados nas paróquias e estruturas religiosas, o bispo não esconde as dificuldades. "Os refugiados têm muitas dificuldades para conseguir comida para o seu sustento e falta-lhes o necessário para viver. A Caritas não tem os meios para apoiar estes grupos por causa do seu limitado orçamento. As pessoas precisam de assistência para reconstruir as suas casas, ter uma refeição diária, roupas, medicamentos para o tratamento". O apelo, por fim, é "para depor as armas e sentar-se, discutir e buscar soluções em conjunto. O rancor e a violência destruíram o nosso país, as nossas relações. É nossa responsabilidade reconstruir novas relações e as cidades”.








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