Uberaba (RV) - O alimento é uma das dádivas da natureza, dom de Deus e necessário
para a sobrevivência das pessoas. A natureza é sempre muito fértil e, quando bem cuidada,
produz o suficiente para as necessidades primárias dos animais e dos seres humanos.
Mas isto depende também da forma de distribuição dos bens colhidos. Ninguém precisaria
passar fome, principalmente no Brasil, com tanta terra e tanta fertilidade. A política
do agro-negócio ajuda no desenvolvimento do país, enriquece pessoas e grupos privilegiados,
mas dificulta a economia familiar. Matar a fome supõe poder de compra para suprir
de alimento as mesas da população. Isto tem sido atendido nos últimos tempos, mas
muitas famílias ainda carecem de condições para conseguir alimento suficiente. Na
bíblia encontramos a preocupação do Senhor com a alimentação do povo. No deserto mandou
o maná, alimento para cada dia e sem necessidade de acúmulo, de preocupação exagerada
com o dia de amanhã (Ex 16, 20). Também Jesus multiplica pães para não deixar o povo
passar fome (Mt 14, 19-21). A porcentagem de alimento jogado no lixo em nosso país
é grande. Isto afronta a dignidade de muita gente que não tem o mínimo para sua sobrevivência.
Também não podemos deixar de destacar o gesto de doação do que sobra para as entidades
que prestam serviço aos mais carentes. Jogar fora o que ainda é aproveitável é deixar
de exercer a virtude da caridade. Onde há partilha não existe fome e tudo se multiplica.
Como disse Jesus: “Quem vos der um copo de água para beber porque sois de Cristo,
não ficará sem receber a sua recompensa” (Mc 9, 41). Nisto está o sentido do dízimo,
gesto de vida comunitária e de gratidão a Deus pelo dom da vida. Além do pão das
mesas, temos também o pão da Palavra de Deus, a mensagem do Reino, que motiva as pessoas
para a prática da partilha, do despojamento em benefício do outro. Muitos têm fome
de alimento material, mas também fome de Deus em seus corações.