Cidade do Vaticano (RV) - O jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, reabilitou
nesta semana o filme do irreverente diretor italiano Pier Paolo Pasolini “O Evangelho
Segundo São Mateus”, ao afirmar que se trata do melhor filme já feito sobre a vida
de Jesus. O filme, que estreou há 50 anos, no Festival de Veneza, foi objeto na ocasião
de censura por seu estilo “pouco sagrado”, com um Jesus demasiado humano. Meio século
depois de seu lançamento, o jornal do Vaticano resgata o filme e o articulista faz
uma análise cheia de elogios. Para a publicação, se trata de uma das maiores obras-primas
do cinema mundial e certamente é “o melhor filme já feito sobre a vida de Jesus”.
“A humanidade febril e primitiva que o diretor mostra na tela termina por
conceder um novo vigor ao verbo cristão, que aparece neste contexto mais atual, concreto
e revolucionário”, afirma o texto. “O filme fala das periferias geográficas e existenciais”,
comentou ainda o Diretor do jornal vaticano, Giovanni Maria Vian, ao compará-lo com
um dos princípios do Pontificado do Papa Francisco.
Para Pasolini, ateu, marxista
e homossexual e um dos intelectuais italianos mais brilhantes do século XX assassinado
aos 53 anos em 1975, “nenhuma palavra poderá alcançar a altura poética do relato bíblico”.
O filme, que narra a vida de Jesus desde seu nascimento até sua ressurreição, usou
como protagonista Enrique Irazoqui, um anarquista espanhol antifranquista, enquanto
a mãe de Pasolini interpretou a Virgem Maria.
A obra foi digitalizada pela
filmoteca do Vaticano, uma verdadeira reparação, tanto física quanto artística. (SP)