2014-07-22 18:47:16

Iraque: Mossul não tem mais cristãos


Cidade do Vaticano (RV) – Irmãos e irmãs “perseguidos”, “expulsos” de suas casas, “despojados de tudo”: são os cristãos de Mossul, e, em geral do Iraque, nas palavras do Papa, no Angelus do último domingo. O Pontífice rezou mais uma vez pela reconciliação e a paz no país em meio a violências e ataques perpetrados por militantes jihadistas do Estado islâmico. “Um crime contra a humanidade”.

Sobre a perseguição de cristãos em Mossul perpetrada pelos milicianos jihadistas do ISIL e por grupos armados ligados a eles também se expressou o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Depois da destruição na segunda maior cidade do Iraque da sede episcopal dos sírio-católicos, nas últimas horas os extremistas do auto-proclamado “Califado islâmico” tomaram posse do antigo mosteiro de Mar Behnam, perto Qaraqosh, até agora confiado aos monges sírio-católicos. Isto foi confirmado pelo Arcebispo sírio-católico de Mossul, Yohanna Petros Moshe, à agência Fides.

Sobre a emergência dos cristãos de Mossul, está programada para hoje em Ankawa, perto de Erbil, no Curdistão iraquiano, uma reunião dos bispos locais com diplomatas estrangeiros e políticos do país. Enquanto em todo o Iraque continuam as violências e os ataques, com 16 vítimas somente nesta última noite em Mahmoudiya e em Abu Ghraib, subúrbio de Bagdá, a comunidade cristã do Iraque cada vez mais corre o risco de desaparecer.

“A comunidade internacional mostra uma inquietante passividade perante aquilo que está acontecendo naquela área. É preciso sair das declarações vagas e adotar medidas concretas. Já passou da hora de inserir esses grupos na lista das organizações terroristas condenadas pelos organismos internacionais e, sobretudo, divulgar os nomes dos países que os financiam”, criticou o sacerdote sírio-católico Nizar Semaan, falando à agência Fides. Recentemente, o Estado Islâmico, responsável pela criação de um califado em territórios da Síria e do Iraque, ordenou que todos os cristãos de Mossul, localizada a 30 km de Qaraqosh, deixassem a cidade. Ao assumir o controle das cidades, o grupo jihadista impõe a lei islâmica (sharia), proíbe o consumo de álcool e tabaco e obriga as mulheres a usarem véus.

Também o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, dirigiu um apelo a todos os países do mundo, para que “reajam unidos contra o último crime do Estado Islâmico, que expulsou com a força os cristãos de Mossul”. E imensa dor pela sorte desesperada de tantas pessoas inocentes foi expressa pelo Cardeal Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, durante a Santa Missa celebrada nesta segunda-feira em Los Angeles, por ocasião da festa maronita de São Charbel e de Sant'Elia.

O cardeal, que também recordou o sofrimento dos cristãos da Síria e todo o Oriente Médio, lembrou as palavras do Papa Francisco no Angelus do último domingo. “A violência se vence com a paz”, reiterara o Papa.

Sobre a oração do Santo Padre pelos cristãos do Iraque, o testemunho de Dom Saad Syroub, bispo auxiliar caldeu de Bagdá, que nos últimos dias tinha lançado um apelo vibrante pela paz através da organização Ajuda à Igreja que Sofre: “O apelo do Papa chegou no momento certo, porque eles são realmente perseguidos: foram expulsos de suas casas, das suas terras, da sua cidade, apenas porque são cristãos! A pessoa é, então, maltratada e perseguida por causa de sua religião, da sua confissão”, destacou o prelado. (SP)







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