Cidade do Vaticano (RV) – Cada vez mais dramática a situação dos cristãos no
Iraque. A sede da Igreja sírio-católica de Mossul foi queimada por extremistas islâmicos
do Isil. A denúncia é do Patriarca da Igreja católica síria, Ignace Joseph III Younan.
O patriarca encontrou na manhã do último sábado, no Vaticano, o Arcebispo Dom Dominique
Mamberti, Secretário para as Relações com os Estados. Papa Francisco está seguindo
com grande preocupação e proximidade a situação no Iraque, onde a comunidade cristã
corre o risco de desaparecer. Em Mosul não há mais cristãos após 2 mil anos de história.
Eis a declaração do Patriarca Younan aos microfones da Rádio Vaticano:
R-
“As últimas notícias são desastrosas. Infelizmente repetimos o que sempre dissemos:
não se deve misturar religião com a política. Se existem inimizades entre xiitas e
sunitas, e não se existem outras coisas mais, isto não deve ser absolutamente uma
razão para atacar inocentes cristãos e outras minorias em Mossul e outros lugares.
Nem é um motivo para destruir lugares de culto, igrejas, bispados, paróquias, por
parte da chamada organização terrorista que não ouve a razão e não se incomoda com
a consciência. Nós com pesar temos que afirmar que a nossa cúria em Mossul foi totalmente
queimada: manuscritos, biblioteca... E já ameaçaram que, se não se converterem ao
islã, todos os cristãos serão mortos. É terrível. Esta é uma vergonha para a comunidade
internacional!”.
P. Há ainda cristão em Mossul? R. Não existem mais. Havia
uma dezena de famílias que foram obrigadas a fugir na última sexta-feira. Elas foram
deixadas na saída da cidade, mas lhe roubaram tudo; foram insultadas, deixaram elas
ali, em pleno deserto. Infelizmente a situação é essa.
P- Quais são as condições
neste momento desses cristãos que fugiram? R. – Eles encontraram refúgio no Curdistão,
onde foram acolhidos, mas o primeiro-ministro do Curdistão disse que não pode mais
receber refugiados porque há também outras minorias, os xiitas, os yazidas... que
fugiram para o Curdistão. É uma coisa terrível.
P. – Como podem ser detidos
esses integralistas islâmicos? R. – A ajudas financeiras devem ser suspensas. E
quem eles recebem as armas? Dos países integralistas do Golfo, com o beneplácito de
políticos ocidentais, porque tem interesse no seu petróleo. É assim, uma vergonha!
P.
– Quale é o seu apelo? R. – Pedimos à comunidade internacional que seja fiel aos
princípios dos direitos humanos, da liberdade religiosa, da liberdade de consciência.
Nós estamos no Iraque, na Síria e no Líbano; nós cristãos não fomos importados, estamos
aqui há milênios e, portanto, nós temos o direito de sermos tratados como seres humanos
e cidadãos desses países. Ele nos perseguem em nome da sua religião; e não fazem somente
ameaças mas cumprem as suas ameaças: queimam e matam. (SP)