Bombardeio israelense atinge hospital em Gaza: situação está se tornando trágica,
diz núncio apostólico
Cidade do Vaticano (RV) - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o secretário
de Estado norte-americano, John Kerry, encontram-se nesta segunda-feira em missão
no Cairo em busca de um acordo por um cessar-fogo em Gaza. Enquanto isso foi convocada
para esta quarta-feira uma reunião extraordinária do Conselho da ONU para os direitos
humanos dedicada à crise.
Um dia após a jornada mais sangrenta desde o início
da operação israelense, o balanço das vítimas subiu para 509 mortos e mais de 3 mil
feridos do lado palestino, e 20 mortos, entre os quais 18 soldados, do lado israelense.
Nesta segunda-feira um hospital em Gaza foi atingido por bombardeios israelenses:
ao menos 5 mortos. O premier israelense Netanyahu disse que a operação continuará
até o fim.
Em meio às violências teve ampla repercussão o apelo em favor da
paz e do diálogo lançado pelo Papa no Angelus deste domingo. Foram palavras comentadas
pelo núncio apostólico em Israel e delegado apostólico em Jerusalém e Palestina, Dom
Giuseppe Lazzarotto, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Dom Giuseppe Lazzarotto:-
"As palavras do Santo Padre tiveram ampla repercussão aqui e foram reportadas pelos
meios de comunicação oficiais, tanto impressos quanto também rádio e várias emissoras.
Todos relançaram o apelo do Santo Padre. É o que aqui todos desejamos, porque a situação
está se tornando verdadeiramente trágica: há uma perda de vidas humanas que não é
aceitável, é preciso colocar um fim à violência porque assim se criam outras situações
de conflito, se abrem novas feridas que produzirão mais mortes. É urgente que os responsáveis
entendam que não há outro caminho senão o do diálogo e da negociação; as partes em
causa devem ser ajudadas e devem ser levadas a uma mesa de negociação."
RV:
A oração no Vaticano com Peres e Abbas e os vários apelos: o Papa está dando a máxima
atenção para a situação no Oriente Médio...
Dom Giuseppe Lazzarotto:-
"A oração no Vaticano, o gesto do Santo Padre de convidar os dois presidentes e seu
telefonema justamente a ales, dias atrás, vão na mesma direção que é a de semear.
O que o Santo Padre fez é uma semeadura. Agora é preciso dispensar atenção a essa
semente, fazê-la crescer e dar os frutos que deveria dar; é preciso entender o sentido
do gesto do Papa e traduzi-lo em ações concretas como o Santo Padre está pedindo continuamente.
São necessários gestos concretos e corajosos, e o Papa ressaltou isso duas vezes:
a paz precisa de gestos corajosos. É hora de os responsáveis políticos de todas as
partes entenderem isso e agirem nessa direção."
RV: Como palestinos
e israelenses estão vivendo... Qual é a sensação, após muitos dias de escalada militar?
Dom
Giuseppe Lazzarotto:- "As pessoas estão cansadas porque é uma situação que dura
há muito tempo. Estes fenômenos recorrentes de conflito, naturalmente, criam outra
frustração, mas a maior parte das pessoas quer a paz."
RV: A Igreja
na Terra Santa pode desempenhar um papel relevante para reaproximar as partes em conflito?
Dom
Giuseppe Lazzarotto:- "A Igreja na Terra Santa faz tudo aquilo que é possível:
atua com os meios de que dispomos; agora, se está pensando também numa iniciativa
da Caritas para levar uma ajuda imediata a estas populações que são diretamente atingidas;
se está pensando em gestos concretos. Gostaria de aproveitar a ocasião para mencionar
o fato de muitos peregrinos terem anulado sua viagem, sua peregrinação: porém, digo
que vir à Terra Santa é também um gesto bonito de solidariedade. Saber que outros
cristãos – não obstante tudo – vêm aqui, é algo que ajuda." (RL)