Pai do microcrédito propõe "comércio social" como alternativa
Cidade do Vaticano (RV) - O pai do microcrédito e prêmio Nobel da Paz em 2006,
Muhammad Yunus, propõe empresas fundadas no "altruísmo" onde os acionistas apenas
recuperam "o dinheiro investido e mais nada", num artigo publicado pelo jornal da
Santa Sé, L’Osservatore Romano.
"O objetivo da Igreja é trabalhar para alcançar
um nível adequado de capital espiritual, social e material no mundo", escreveu Muhammad
Yunus, pai do microcrédito, que considera que o sistema econômico atual "impede que
se alcance este objetivo".
No artigo de opinião que ocupa uma página na edição
de sábado de L’Osservatore Romano, o economista de Bangladesh compara o sistema econômico
vigente a "uma máquina" que se alimenta "sugando continuamente a seiva vital da ampla
base da humanidade a fim de a levar para o alto rumo a uma elite restrita".
Segundo
Muhammad Yunus, nas chefias não existem "pessoas maldosas", mas a "máquina" é que
foi "construída assim".
"O sistema atual, que transforma as pessoas em máquinas
para fazer dinheiro, não foi estudado para ter responsabilidade moral", ressalta.
No
jornal da Santa Sé, o Nobel da Paz destaca que está propondo "um novo tipo de empresa
fundada no altruísmo", ao contrário das empresas e da economia de hoje "guiada pelo
egoísmo que governa o mundo". Nesse sentido, propõe o que chama de "comércio social":
"É uma sociedade sem dividendos que nasce para resolver os problemas sociais".
Um
gênero de empresas "entre a assistência caritativa" e a empresa "para a maximização
do lucro", assinala Muhammad Yunus, onde os acionistas recuperam o dinheiro investido,
"e mais nada", porque o lucro "é investido de novo na empresa para melhorá-la e ampliá-la".
(MJ/Agência Ecclesia)