2014-07-18 18:40:51

Card. Tauran: "Os muçulmanos são nossos irmãos e irmãs. O futuro depende da coesão entre estas duas religiões"


RealAudioMP3 Cidade do Vaticano (RV) – “Cristãos e muçulmanos são irmãos e irmãs da única família humana”. É o que afirma o Cardeal Jean-Louis Tauran, Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, na mensagem por ocasião do ‘Id al-Fitr’, a conclusão do mês do Ramadã. O purpurado sublinha que cristãos e muçulmanos são chamados a rezar e agir pela reconciliação e pela paz. Ouçamos o que ele disse aos microfones da Rádio Vaticano:

Card. Tauran: “Somos todos seres criados e nos reconhecemos como irmãos e irmãs da grande família humana. Diante das situações dramáticas e das incertezas do futuro, nós reconhecemos os muçulmanos como irmãos e irmãs, e o futuro depende da coesão desta família humana, da colaboração entre estas duas religiões. Os cristãos e muçulmanos vivem situações diferentes, mas vivem e sofrem juntos. Houve aquele bonito discurso do Papa João Paulo II em Kadouna, na Nigéria, em 1982, quando disse: ‘Vivemos sob o mesmo sol, adoramos o Deus único’. Acredito que a fraternidade entre muçulmanos e cristãos seja importante, porque esta é a prova do fato de que não são as religiões a origem das situações de incompreensão e de fechamento às quais assistimos. As religiões trabalham pela paz, o diálogo, a fraternidade. O problema são os seus seguidores. Nós devemos perseverar mais do que nunca no caminho do diálogo e não perder nenhuma ocasião de construir pontes, lá onde vivemos”.

RV: Quais são os seus sentimentos diante do que está acontecendo no Iraque?

Card. Tauran: “De grande preocupação. Não podemos não nos escandalizar quando vemos que os direitos fundamentais da pessoa humana são pisados, quando vemos que o ódio destrói tudo aquilo que foi construído a preço de tantos sacrifícios. Tudo isto é muito triste. Nós desejamos que, reforçados nas suas convicções graças ao Ramadã, os nossos irmãos muçulmanos sejam capazes de encontrar os caminhos que lhes permitam de unirem-se a quem se compromete em fazer prevalecer o respeito e a generosidade sobre o ódio e sobre a violência. Na fraternidade, é nosso dever também rezar pelos responsáveis das sociedades para que nos seus corações se propague a sabedoria e a inteligência necessárias para resolver estes problemas”.

RV: De que modo cristãos e muçulmanos podem dar-se uma esperança e um conforto comum diante desta grande violência?

Card. Tauran: “Na vida cotidiana, cristãos e muçulmanos vivem juntos, trabalham juntos... O problema nasce quando as ideologias vem transformar esta atmosfera. Eis porque é necessário infundir estes valores a partir da família, da escola, da igreja, da mesquita, estes valores que são o respeito pela pessoa humana, o respeito pela vida, o respeito pela propriedade dos outros... E depois, no que tange aos responsáveis pela sociedade, é necessário respeitar as leis internacionais. Nós temos muitíssimas Convenções que nos permitem resolver cada problema sem recorrer ao uso de armas”.

RV: Na sua opinião, as ideologias estão ganhando terreno, hoje, em particular no Oriente Médio?

Card. Tauran: “Sim, sem dúvida. Está em andamento uma radicalização das posições o que é muito perigoso. Nos encontramos em um impasse: ao invés de seguir em frente, andamos para trás. Eu acredito sempre na força do direito internacional, que frequentemente é um valor subestimado. Se foram assumidos compromissos, é necessário mantê-los. Acredito que nós, enquanto crentes, temos dois instrumentos magníficos que Deus nos deu: a inteligência para compreender e o coração para amar, para transformar o mundo. Porém, é necessário fazer isto todos juntos”. (JE)








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