Vigília pela paz na Terra Santa: a oração não é derrota, diz Arcebispo de Cagliari
Cidade do Vaticano (RV) - Também a Arquidiocese de Cagliari – na ilha italiana
da Sardenha – realiza na noite desta quinta-feira uma vigília de oração pela Terra
Santa. A vigília tem lugar no adro da Basílica de Nossa Senhora de Bonaria. Entrevistado
pela Rádio Vaticano, eis o que o Arcebispo de Cagliari, Dom Arrigo Miglio, nos disse
a esse propósito:
Dom Arrigo Miglio:- "É uma vigília de oração nascida
da base, não dos expoentes da arquidiocese. Nascida por iniciativa da própria comunidade
palestina que temos aqui e também de outras comunidades imigradas que sentem em sua
pele o drama que se vive nestes dias. E essa iniciativa, tomada por eles, nos envolveu,
e também nos fez ficar um pouco envergonhados, porque deveríamos nós nos ter despertado
a propor por primeiro uma iniciativa dessa natureza. Portanto, esta noite, na praça
diante da Basílica de Nossa Senhora de Bonaria tem lugar essa vigília de oração e,
naturalmente, o pensamento dirige-se imediatamente ao Papa Francisco e foram os próprios
promotores a propor a praça do Santuário de Bonaria, recordando a visita de setembro
passado feita pelo Papa Francisco. Tanto a iniciativa, que partiu de um grupo de imigrados,
quanto a resposta da arquidiocese, dada em poucos dias, recebeu ampla adesão, e foi
também corroborada pela impressão suscitada pelo encontro no Vaticano em 8 de junho
passado, com o Papa e os representantes dos dois povos. Foi um evento que, de certo
modo, marcou a consciência e a opinião pública, por dois motivos. Primeiro, porque
foi um momento realmente inédito; segundo, a aparente derrota da oração: isso nos
interpela muito. E então, esta noite será ocasião também para dizer que a oração não
é derrota."
RV: Muitos denunciam a desproporção da resposta israelense
aos foguetes de Hamas...
Dom Arrigo Miglio:- "Sim, já vimos isso outras
vezes. Porque há uma desproporção entre as forças, há uma desproporção entre os dois
povos... Efetivamente, a desproporção é verdadeiramente grande e impiedosa. Quem são
os pequenos, quem são os pobres, quem são os mais indefesos, se vê claramente."
RV:
Quais são suas esperanças?
Dom Arrigo Miglio:- "A esperança é que se
coloquem em torno de uma mesa; a esperança é que todas as instâncias internacionais
façam de tudo; a esperança é que muitos outros entendam que a paz na Terra Santa significa
a paz no mundo, e, portanto, a esperança é que haja essa consciência e que o gesto
do Papa não fique isolado. Foi um gesto que impressionou muitíssimo, seja porque partiu
dele, seja porque encontrou em sua casa os representantes dos dois povos. É um fio
de esperança que permanece: o gesto do Papa não esvaiu, não foi sufocado. E as palavras
de paz que foram ditas inclusive pelas duas partes, permanecem verdadeiras, são uma
semente que precisamos cultivar." (RL)