Genebra (RV) - A violência no Iraque durante a ofensiva lançada por insurgentes
sunitas obrigou cerca de 600 mil pessoas a fugirem de suas casas e ameaça a diversidade
da sociedade iraquiana, advertiu nesta quarta-feira, 16, o chefe do Acnur. O Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Antonio Guterres, disse
à imprensa em Bagdá que esse deslocamento populacional é alarmante, pois pode levar
a uma “homogeneização dos territórios”, com as comunidades “xiitas e sunitas vivendo
separadamente”.
Em 9 de junho, uma coalizão de insurgentes sunitas liderada
pelo grupo ultra-radical Estado Islâmico lançou uma ofensiva relâmpago durante a qual
tomou grandes áreas no norte, centro e oeste do país. Populações xiitas fugiram em
massa dos territórios conquistados pelos insurgentes e agora temem nunca mais poder
retornar à sua cidade ou aldeia de origem.
Ao mesmo tempo, muitos sunitas
que vivem em áreas mistas se agruparam por medo das milícias que apóiam o governo
dominado pelos xiitas. Este processo leva à formação de bairros e cidades etnicamente
homogêneos, o que já vinha acontecendo há vários anos, mas que ganhou uma escala maior
com o início da ofensiva. Para Guterres, esta tendência também deve colocar as minorias
iraquianas - cristãs, turcomanas, yazidis e chabaks - em uma situação difícil.
"A
preservação da diversidade é uma ferramenta extremamente importante para a paz, para
o futuro e para a reconstrução do país", ressaltou. De acordo com a ONU, 600 mil pessoas
foram deslocadas desde a tomada de Mossul, segunda maior cidade do Iraque, pelos insurgentes.
Cerca de 500 mil pessoas já haviam fugido da violência que assola desde janeiro
a província de Al-Anbar. O número de desalojados chega a 2 milhões de pessoas no Iraque,
incluindo um milhão que já haviam deixado suas casas durante as fases anteriores de
violência. (SP-AFP)