México. Cardeal Parolin: “passar de uma cultura do fechamento a uma cultura do acolhimento”
O Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, está participando, na Cidade do México,
num seminário que aborda temas sobre o fenómeno da migração. Segundo uma nota oficial
do Governo Mexicano, o objectivo do congresso é estabelecer um programa comum entre
o Governo desse país e a Santa Sé, nesta questão dramática.
O purpurado foi
convidado para participar desse congresso pelo Presidente do México, Enrique Peña
Nieto, durante a sua visita oficial ao Vaticano, em Junho último. A visita do Cardeal
Parolin ao México é particularmente importante porque coincide com a crise humanitária
que envolve milhares de crianças migrantes que viajam sozinhas para os Estados Unidos.
Todos os países da América Central estão envolvidos neste êxodo forçado. Quase todos
os albergues para acolhimento de migrantes no México são administrados pela Igreja
Católica.
No seu discurso, o purpurado destacou que "graças ao reconhecimento
do direito à liberdade religiosa, autoridades civis e eclesiásticas podem hoje se
encontrar numa nova atmosfera de diálogo, apreciação recíproca e colaboração frutuosa.
Da lógica da desconfiança e receio mútuo foram dados passos importantes rumo à lógica
de respeito mútuo que permitirá a construção de um novo México para as gerações futuras."
"A
dignidade da pessoa humana não provém da sua situação económica, da sua filiação política,
nível de escolaridade, etnia, status de imigração ou convicção religiosa. Todo o ser
humano, pelo facto de ser uma pessoa, possui uma dignidade que merece ser tratada
com grande respeito. Além disso, o único critério absolutamente válido para avaliar
se uma comunidade política cumpre a sua vocação de serviço ao bem comum, é precisamente
este: a qualidade do seu serviço às pessoas, especialmente aos pobres e vulneráveis",
frisou o Cardeal Parolin.
O Secretário de Estado comenta o tema das migrações
e cita um trecho da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do
Refugiado, quando o Papa constata que "os fluxos migratórios contemporâneos constituem
o maior movimento de pessoas" de todos os tempos. "Todos os dias recebemos notícias
sobre o grande número de pessoas no mundo que devem deixar suas terras em situações
dilacerantes de sofrimento e dor. As causas são as mesmas: violação dos direitos humanos,
violência, falta de segurança, guerras, desemprego e miséria. Quanta violência política,
económica e social no nosso mundo! Tentando chegar a uma terra onde poder viver de
maneira digna, milhares de pessoas passam fome, humilhações, discriminação, racismo,
tratamento degradante e injustiças no trabalho", frisou ainda o purpurado.
Segundo
o Secretário de Estado, "as sociedades onde os migrantes legais não são acolhidos
abertamente e são tratados com preconceito, como sujeitos perigosos ou nocivos, mostram
ser fracas e despreparadas para os desafios das próximas décadas. Por outro lado,
existem países que vêem os recém-chegados como elementos geradores de riquezas, sobretudo
humana e cultural, e sabem acolhê-los adequadamente; há sociedades que fazem esforços
consistentes para integrar os migrantes e dão uma mensagem inequívoca de solidez para
toda a comunidade internacional que geram um progresso ainda maior".
"A solução
do problema migratório passa por uma conversão cultural e social profunda que permite
passar da cultura do fechamento a uma cultura do acolhimento e encontro. A Igreja
Católica, especialmente no México, está desenvolvendo uma série de iniciativas concretas
para acompanhar e acolher os migrantes. Neste contexto, a Igreja sempre foi e será
uma leal colaboradora", concluiu o Cardeal Parolin.