2014-07-14 17:11:59

Terra Santa: auxiliar de Jerusalém relata drama da população após ataques


Herusalém - (RV) - Massacre e tragédia. É difícil definir de outra forma a situação na Terra Santa. Na Faixa de Gaza a morte está presente todos os dias e, entre lançamentos de foguetes e bombardeamentos, a população vive acuada e com medo constante. A diplomacia internacional invoca uma trégua entre Palestina e Israel e as Nações Unidas condenaram o laçamento de foguetes contra o território israelense. No entanto, homens, mulheres, crianças e famílias inteiras de Beit Lahya, ao norte de Gaza, foram obrigadas a fugir de suas próprias casas, sem bagagem e sem comida, para não sucumbirem no enésimo ataque do exército israelense.

Uma situação insustentável referida pelo Papa Francisco neste domingo, 13, logo após o Ângelus. “As partes interessadas e todos quantos têm responsabilidades políticas em nível local e internacional, não economizem orações e algum esforço para fazer cessar cada hostilidade e conseguir a paz desejada para o bem de todos," disse o Pontífice.

O Bispo-auxiliar de Jerusalém, Dom William Shomali, concedeu entrevista à agência de notícias Zenit para relatar a situação vivida pela população da Terra Santa. Ele disse que tudo o que está acontecendo é uma reação ao sequestro e à morte de 3 jovens judeus, em Hebron. "O governo de Benjamin Netanyahu atribuiu este homicídio ao partido Hamas e reagiu com uma exagerada busca aos criminosos, com numerosas prisões, inclusive de ex-detentos. Neste meio tempo, um jovem palestino de Jerusalém foi raptado e queimado vivo por alguns colonos israelenses," disse Dom William.

Estes fatos criaram um círculo vicioso de violência. O exército israelense atacou as bases do Hamas e da Jihad Islâmica em Gaza. A Jihad Islâmica respondeu com o lançamento de mísseis, chegando a acampamentos vizinhos às cidades de Haifa, Tel Aviv e Jerusalém. Estes mísseis, conhecidos pelas suas imprecisões, causam mais barulho e medo do que destruição. Para os palestinos o balanço é pesado: 170 mortes, mil feridos e muitas casas destruídas em Gaza e nos territórios palestinos.

Para Dom William, a razão principal do conflito é o "falimento do processo de paz do último mês de abril. O Secretário de Estado Americano, John Kerry, depois de nove meses de trabalho intenso, não foi bem-sucedido ao redigir um quadro político para as futuras negociações. Tal desconfiança gerou, no coração dos palestinos, um desespero, agravada depois da contínua construção de novos assentamentos israelenses. Estas construções são vistas como uma causa bélica contínua. A isto junta-se a tensão religiosa entre os dois povos."

O Bispo-auxiliar de Jerusalém também disse que "a visita do Papa Francisco à Terra Santa suscitou muitas esperanças, seguidas, porém, de muitas desilusões. Uma coisa semelhante aconteceu depois da peregrinação de João Paulo II em 2000. Apenas 6 meses depois da sua visita começou a segunda Intifada. Em ambos os casos, a violência iniciou devido ao fracasso nas negociações. Em relação ao encontro de oração nos Jardis Vaticanos, repito o que disse neste domingo o Santo Padre no seu apelo: a oração sempre traz frutos, mesmo que a longo prazo. Como o caso da oliveira plantada ao final do encontro, cuja floração demora muitos anos. As palavras do Papa Francisco durante a Invocação pela Paz permanecem válidas como única via adequada em direção à paz."

Dom William Shomali enfatiza que "os jovens são as vítimas deste conflito, sem esquecer as crianças, frágeis e traumatizadas pelos bombardeamentos e o medo. As conseqüências se farão ver no futuro, pois agora cultivam o ódio e o desejo de vingança. O ódio foi nutrido ao longo de muitos anos e um coloca a culpa no outro.Esta falsa retórica não ajuda. O ódio pode ser eliminado somente através da educação para os valores de justiça, paz e reconciliação. Mas a educação deve coincidir com passos concretos, dando a cada parte os seus direitos: aos palestinos, dignidade com um estado viável e, aos israelenses, a segurança e o reconhecimento pelo mundo árabe e islâmico."

Em relação aos Cristãos da Terra Santa, Dom William Shomali diz que sofrem como todos os outros, temendo o agravamento da situação e as conseqüências sociais e econômicas. Rezam pela paz e em sua grande maioria refutam a violência. "É raríssimo vê-los nas praças a recorrerem à violência. São também os mais frágeis e débeis à tentação de emigrar. Durante a última intifada, tantos jovens e tantas famílias Cristãs deixaram a TerraSanta para buscar uma outra via mais segura e digna. É difícil para eles resistirem a esta tentação. É difícil para nós convencê-los a não abandonarem estes lugares e a fazê-los entender que viver aqui é um privilégio e uma vocação. Estamos próximos a eles com a oração e a ajuda humanitária, conclui o prelado. (EF)








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