Burundi: aprovada lei que regulamenta confissões religiosas no país africano
Bujumbura (RV) - O Parlamento da República do Burundi aprovou por unanimidade
uma lei que regulamenta as confissões religiosas e suas denominações, em plena expansão
no país dos Grandes Lagos, cujo número passou em breve tempo de quarenta e cinco a
cerca de seiscentas.
Segundo o novo texto, para ser reconhecida pelas autoridades
burundinesas uma 'Igreja' deverá demonstrar ter ao menos 500 membros, ou mil se sua
origem for estrangeira. As Igrejas do país do centro-leste da África têm dois anos
de tempo para se regularizar ante a promulgação da lei, que pretende por um freio
na proliferação de grupos religiosos.
"A lei deveria colocar ordem numa esfera
em contínua expansão, cujo contornos são pouco claros. Na realidade, para muitos grupos
a religião é somente um pretexto para receber financiamentos, sobretudo exteriores
(em particular dos EUA), transformando-se num verdadeiro negócio e alimentando uma
economia paralela": dizem à Misna fontes locais da sociedade civil contatadas
em Bujumbura.
"Há uma corrida ao dinheiro e ao poder entre estes grupos, já
de há muito chamados seitas e fora do controle das autoridades", acrescenta o interlocutor.
Segundo
dados oficiais, 65% da população burundinesa é católica, os muçulmanos são cerca de
3-4%, e o restante se divide entre protestantes, metodistas e pentecostais.
"Trata-se
de uma medida solicitada há muito tempo por vários segmentos. Provavelmente foi agora
adotada em vista das eleições presidenciais de 2015, um pleito crucial, mas arriscado"
– concluem fontes locais. Certamente neste momento confuso a proliferação de Igrejas
é vista como outro fator de insegurança que poderia instrumentalizar os fiéis em chave
política.
Em março de 2013, último episódio de crônica significativo, sete
pessoas morrerem e outras trinta e cinco ficaram feridas em confrontos com a polícia
quando esta tentava dispersar os seguidores de uma seita religiosa na cidade de Businde,
na região norte de Kayanza.
O grupo buscava alcançar o cume de uma montanha
para rezar com Zebiya Ngendakumana, uma jovem que diz falar com a Virgem Maria no
12º dia de cada mês. A justiça burundinesa emitiu uma condenação a 182 seguidores
da seita cristã – que descontam pena de cinco anos de prisão –, culpados de "desobediência
civil" por não terem respeitado a proibição da reunião. (RL)