2014-07-14 17:16:58

A Semana do Papa – uma síntese das principais atividades de 7 a 13 de Julho


RealAudioMP3


O Papa Francisco na segunda-feira, dia 7 celebrou Missa na Capela da Casa de Santa Marta na presença de um grupo de pessoas vítimas de abusos sexuais por parte de membros do clero. Na sua homilia, pronunciada em espanhol, o Papa Francisco recordou a imagem de Pedro quando olha para Jesus que saía do interrogatório antes da sua morte e Pedro cruza o seu olhar com aquele de Jesus e chora. Hoje o coração da Igreja – afirmou o Santo Padre – vê os olhos de Jesus nas crianças abusadas. E os abusos são bem mais do que atos desprezáveis, são verdadeiros “sacrilégios” – sublinhou o Papa.

Estes atos profanaram a imagem de Deus – continuou o Papa que considerou que estes atos execráveis perpetrados contra menores deixaram cicatrizes para toda a vida. “A estas famílias ofereço os meus sentimentos de amor e de dor” – reiterou o Papa Francisco que pediu perdão pelos abusos cometidos pelo clero:

“Perante Deus e o Seu povo estou profundamente desolado pelos pecados e graves crimes de abuso sexual cometidos por membros do clero contra vós e humildemente peço-vos perdão.”

O Santo Padre pediu também “perdão pelos pecados de omissão por parte dos chefes da Igreja que não responderam de maneira adequada às denúncias”. O Papa deixou claro que na Igreja não há lugar para quem comete abusos sexuais:

“Não há lugar no ministério da Igreja para aqueles que cometem abusos sexuais; e empenho-me a não tolerar o dano cometido a um menor por parte de quem quer que seja, independentemente do seu estado clerical.”



Estas seis pessoas convidadas pelo Papa Francisco chegaram ao Vaticano no domingo à tarde e jantaram na Casa de Santa Marta. Vinham da Alemanha, da Irlanda e da Grã-Bretanha. Todo o grupo tomou o pequeno-almoço em conjunto e depois cada uma das vítimas esteve pessoalmente com o Papa, no primeiro encontro do género deste pontificado.
Estes encontros aconteceram a seguir à Eucaristia e foram de grande intensidade pois o Santo Padre encontrou-se em privado com cada uma destas vítimas de abusos. Grande intensidade destes encontros que duraram mais de três horas. A palavra ao Padre Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé:

“A excecional e notável amplitude que tiveram estes encontros. Ou seja, o Santo Padre esteve com estas pessoas vítimas de abusos em encontros durante mais de três horas consecutivamente. E com um estilo muito próprio de encontro muito envolvido e pessoalmente muito intenso e atento.”

O Padre Lombardi neste seu encontro com os jornalistas referiu-se ainda ao facto de ele próprio ter testemunhado a comoção e gratidão revelada pelas pessoas que iam saindo do encontro privado com o Papa Francisco:

“Posso testemunhar da profunda gratidão e comoção destas pessoas que tiveram a possibilidade de ter um encontro assim aprofundado e pessoal com o Santo Padre. Em particular tiveram a perceção de serem escutadas com muita atenção e disponibilidade.”


Durante esta semana foram notícia as mudanças no âmbito da Santa Sé promovidas pela Secretaria para a Economia. O Papa Francisco publicou uma Carta Apostólica em forma de Motu Proprio decidindo que a Secção Ordinária da APSA - Administração do Património da Sé Apostólica será transferida para a Secretaria para a Economia.
Ao acolher o parecer dos Chefes dos Dicastérios interessados, o Papa Francisco considerou oportuno que a Secretaria para a Economia passasse a assumir a partir de agora, de entre as suas tarefas institucionais, aquelas atribuídas à denominada “Secção Ordinária” da Administração do Património da Sé Apostólica e, portanto, de transferir ao referido Dicastério as competências que a Constituição Apostólica Pastor Bonus de 28 de junho de 1988 havia atribuído à referida Secção da Administração do Património da Santa Sé.
Quem apresentou publicamente esta decisão do Papa Francisco foi o Prefeito da Secretaria para a Economia o Cardeal George Pell que anunciou também outras mudanças já devidamente confirmadas pelo Santo Padre. Essas mudanças são no IOR – Instituto para as Obras de Religião, no Fundo de Pensões e nos Media Vaticanos.
Em conferência de imprensa na quarta-feira, dia 9, o Cardeal Pell comunicou tudo isto mas, antes de mais, deixou claro que o rumo a seguir do ponto de vista económico é o da transparência seguindo os standard financeiros internacionais.

“Antes de mais estamos trabalhando sobre os standard financeiros internacionais que deverão ser seguidos em todos os dicastérios e nas secções da Santa Sé e do Governatorato. De momento estamos na fase em que é indicada claramente a direção e os objetivos que queremos atingir. Quando dizemos isto referimo-nos a uma substancial transparência. Portanto, serão realizados relatórios anuais e estes relatórios serão realizados externamente.”

Vejamos as decisões que foram comunicadas nesta conferência de imprensa:

IOR – INSTITUTO PARA AS OBRAS DE RELIGIÃO
Comecemos, desde logo, pelo IOR: as decisões tomadas eram já conhecidas, faltava a confirmação sobre von Freyberg que cessa as suas funções sendo substituído por de Franssu que assumirá a direção do IOR para uma nova fase do seu processo de reforma. Objetivo principal para os novos tempos será concentrar a atividade do IOR na consultoria financeira e nos serviços de pagamento para o clero, as congregações, dioceses e funcionários leigos do Vaticano. Seis novos membros leigos serão nomeados para o Conselho do IOR entre os quais o francês Jean-Baptiste de Franssu, como Presidente.


APSA – ADMINISTRAÇÃO DO PATRIMÓNIO DA SÉ APOSTÓLICA
No que diz respeito à APSA a sua Secção Ordinária será transferida para a Secretaria para a Economia. Este é um passo importante para consentir à Secretaria para a Economia de exercer as suas próprias responsabilidades de controlo económico e de vigilância sobre as políticas e procedimentos de aquisição e distribuição de recursos humanos. O resto do pessoal da APSA ficará afeto a atividades de Tesouraria, restabelecendo relações com todos os principais bancos centrais.


FUNDO DE PENSÕES
Entretanto, em relação ao Fundo de Pensões foi nomeada uma comissão técnica para estudar a situação atual e formular propostas ao Conselho para a Economia até ao fim de 2014. O objetivo é garantir no futuro condições para a aposentação tal como existem no presente.

MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO VATICANO
Finalmente em relação aos meios de comunicação social do Vaticano foi nomeada uma comissão para propor uma reforma dos Media Vaticanos. Essa comissão deverá publicar um relatório e um plano de reforma dentro de 12 meses depois de ter examinado o relatório da COSEA. Os objetivos são os de adequar os meios de comunicação da Santa Sé às novas tendências de consumo de media, tais como as redes socias ou as aplicações móveis (app); melhorar a coordenação entre os diferentes meios e ainda atingir, progressivamente, poupanças financeiras consideráveis. Os membros da comissão foram escolhidos de entre o pessoal do Vaticano e alguns especialistas internacionais.


Destaque ainda para o facto de que, em setembro de 2014, a Secretaria para a Economia iniciará a preparação do orçamento para 2015. O objetivo é que todos os dicastérios e as administrações promovam a redação de um orçamento anual. A despesa aprovada será da responsabilidade de cada dicastério e administração. A despesa será confrontada com o orçamento e eventuais excessos serão da responsabilidade do próprio dicastério ou administração.


No Angelus deste domingo dia 13 o Papa Francisco a propósito do persistente e dramático conflito no Médio Oriente lançou, mais uma vez, um forte apelo para continuarmos a rezar pela paz na Terra Santa:

“Dirijo a todos vós um premente apelo para que continueis a rezar com insistência pela paz na Terra Santa, à luz dos trágicos acontecimentos dos últimos dias. Ainda tenho na memória a viva recordação do encontro do passado 8 de Junho, com o Patriarca Bartolomeu, o Presidente Peres e o Presidente Abbas, com os quais invocámos o dom da paz e escutámos a chamada para quebrar o ciclo do ódio e da violência. Alguns poderiam pensar que esse encontro realizou-se em vão. Mas pelo contrário não, porque a oração nos ajuda a não nos deixarmos vencer pelo mal, nem a resignar-nos que a violência e o ódio levem a melhor contra o diálogo e a reconciliação. Exorto as partes interessadas e todos aqueles que têm responsabilidades políticas a nível local e internacional, para não poupar a oração e algum esforço para pôr fim a todas as hostilidades e alcançar a paz desejada para o bem de todos. E convido-vos a todos vós para vos unirdes na oração. Agora, Senhor, ajuda-nos Tu! Dá-nos Tu a paz, ensina-nos Tu a paz, guia-nos Tu rumo à paz. Abre os nossos olhos e os nossos corações e dá-nos a coragem de dizer: "nunca mais a guerra"; "com a guerra tudo se destrói!" Dá-nos a coragem de realizar gestos concretos para construir a paz ... Faz-nos dispostos a ouvir o grito dos nossos cidadãos que nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão. Ámen.”

Após ter saudado cordialmente todos os peregrinos presentes na Praça de S. Pedro e por ocasião do “Domingo do Mar” que se celebrou neste domingo, o Papa Francisco acrescentou:

Dirijo o meu pensamento aos marítimos, aos pescadores e às suas famílias. Exorto as comunidades cristãs, especialmente as costeiras, para que sejam atentas e sensíveis para com eles. Convido os capelães e voluntários do Apostolado do Mar para continuarem o seu empenho no cuidado pastoral destes nossos irmãos e irmãs. A todos, mas de modo especial àqueles que se encontram em dificuldades e longe de casa, confio à materna proteção de Maria, Estrela do Mar.”

E com o Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 7 a 13 de julho. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa. (RS) RealAudioMP3








All the contents on this site are copyrighted ©.