Rio de Janeiro (RV) - Comemoramos o primeiro ano da realização da Jornada Mundial
da Juventude no Rio de Janeiro. Passado esse tempo, é bom olharmos a história guardando
os sinais de Deus em nossos corações. É importante refletir sobre o que foi esse evento
para a Igreja e para a nossa cidade e percebermos as lições que nos foram deixadas
nesses dias de celebração, formação e união de povos.
A primeira impressão
que nos ocorre e faz-se imperativo afirmar é o tempo de graça que foi a Jornada Mundial
para toda a Igreja, mas, sobretudo, para a Arquidiocese e nossa cidade. Sem dúvida
essa é a melhor definição do período da jornada: um tempo de graça. Graça de Deus
para o seu amado povo – povo brasileiro, povo carioca.
Graça, pois numa época
marcada pelo individualismo e pela apatia, vimos a doação e a solidariedade de todos
com alegria e generosidade. Graça, pois a celebração da Jornada marcou o reavivamento
cristão de tantas comunidades espalhadas por nosso país. Graça maior por ter mobilizado
nossa juventude, demonstrando sua vitalidade e o sangue sempre renovado que faz viva
a Igreja de Cristo. Demonstrou o protagonismo jovem que é capaz de grandes testemunhos.
Nossa cidade se transformou num local de vivência comunitária: os jovens estavam tranquilos
e enfrentavam, com verdadeiro espírito de fé, as filas para os ônibus, metrô, trens,
barcas, refeições. Tudo na mais perfeita ordem e em um espírito de profunda demonstração
de quem vive procurando o bem e o sumo belo, que é Cristo Ressuscitado, vence o egoísmo,
o pessimismo e a maldade. A cidade do Rio de Janeiro, na primeira vez nos últimos
tempos, registrou o menor índice de violência nesses dias das celebrações da JMJRio-2013.
Além
disso, a confortante e querida presença do Papa Francisco e de tantos membros do episcopado
e do clero, unidos num único coração, mostraram-nos a força da comunhão eclesial que
vivenciamos. Unidos, enfrentaram também os fanáticos e intolerantes que insistiam
em paralisar alguns eventos da Jornada. A Jornada serviu-nos de exemplo do que significa
vivermos como irmãos, sem buscar interesses obscuros ou menores, mas, sim, anunciar
e testemunhar Jesus Cristo, cuja imagem do alto do Corcovado nos irmana na caridade,
na solidariedade e na busca de soluções para os problemas da nossa cidade, sem nos
esquecermos de que, apesar das dificuldades que vivemos, em nossa cidade vive uma
imensa maioria de pessoas que fazem o bem, que cuidam do próximo, que são honestas,
trabalhadoras e que procuram ajudar quem vive nas dificuldades da violência ou das
expressões da maldade humana, que não tem uma palavra final sobre o bem.
As
mensagens deixadas através da Jornada, ao vivo e nos meios de comunicação, sobretudo
as do papa Francisco, mas também de tantos bispos e sacerdotes, nas catequeses e aconselhamentos,
e testemunho de irmãos no laicato, são a grande riqueza desse evento. São perenes
de ensinamentos e luzes para nossa vida e caminho de discípulos e missionários.
O
protagonismo dos leigos foi uma marca expressiva de nosso encontro. Isso se de dizer
de todas as fases, desde a preparação até os eventos em si. Foram milhares de milhares
de irmãos e irmãs que, animados pela fé no ressuscitado, fizeram nossa Jornada passar
de ideias e planos para a realidade. A eles, independente de suas funções e do serviço
que realizaram, cabe o nosso reconhecimento pelo testemunho de fé.
Se a Jornada
se afigurou um tempo de fé, igualmente se nos mostrou um evento da caridade e do amor
ao próximo. Não foram poucas as pessoas que contribuíram para que acontecesse e que,
mais ainda, doaram a si próprias o seu tempo e sua disponibilidade para que os nossos
visitantes fossem bem recebidos e sentissem o pulsar do coração da cidade maravilhosa
em cada diocesano, em cada voluntário.
Creio que a Jornada deixou entre nós
profundos sinais de esperança. O que vimos naqueles dias foi um Rio de Janeiro transformado,
uma cidade mais humana e feliz.
A paz reinou nos lugares onde se concentraram
os peregrinos da Jornada, e percebemos que é possível uma metrópole viver a paz e
o respeito humanos. Tantas nações, culturas e maneiras de pensar congregadas pela
fé em Cristo e desejo de construir um mundo melhor, convivendo juntas, nos enchem
de renovada esperança. Recordo também a participação de tantos outros cristãos e
mesmo não cristãos e pessoas sem religião alguma em tantos eventos centrais da JMJ.
A
Jornada legou para nossa cidade uma belíssima lição, não obstante as dificuldades
que foram colocadas e, diante das surpresas das mudanças do que estava planejado em
nada comprometeram o aproveitamento para todos. Vimos Deus agir, como disse logo depois
da Jornada dos Jovens nas terras de São Sebastião. A cidade, a arquidiocese e a Igreja
toda colhem os frutos daqueles dias inesquecíveis e abençoados em que fomos a capital
do universo católico. Que saibamos, nesse primeiro aniversário e sempre, reconhecer
a ação de Deus em todas as coisas, sobretudo as bênçãos e a proteção que abundantemente
derrama sobre aqueles que vivem sua Palavra, e louvá-Lo pela nossa Jornada Mundial
da Juventude. O Brasil e o Rio de Janeiro não são mais os mesmos, e a juventude vai
continuar ativa e trilhando os caminhos do amor e da justiça. Este mês marca para
nós o mês da Juventude! É a época que o Papa Francisco, em sua primeira viagem internacional,
se encontrou com os jovens do mundo inteiro aqui neste país.
As comemorações
de um ano da JMJ acontecem aqui no Rio de Janeiro e em todas as Dioceses do Brasil
e mesmo do exterior. Serão momentos de partilha e de reavivamento da missão recebida
na missa de envio da Jornada na praia de Copacabana. Ali o Papa Francisco enviou três
milhões de seiscentos mil jovens e mais os que acompanhavam pelos meios de comunicação,
para que fossem evangelizar, sem medo e servindo aos irmãos.
Que a Jornada
Mundial da Juventude seja sempre não apenas uma recordação passada (Memória), mas
um apelo diário (Missão), uma mensagem divina, para que o povo da cidade maravilhosa
viva constantemente em jornada: jornada pelo bem de todos, jornada pela paz, jornada
pela felicidade, para que Cristo seja tudo em todos.
Temos certeza de que
as sementes lançadas no “campo da fé” de nossos corações e regadas pela “chuva criadeira”
da ação do Espírito Santo estão transformando nossas vidas e nossa cidade. É o tempo
do aniversário da JMJ! É tempo de Memória e Missão.
Orani João, Cardeal Tempesta,
O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ