Sudão do Sul comemora 3 anos de independência em meio a conflito
Juba – (RV) - Há 3 anos o Sudão do Sul, na África, se tornava oficialmente
independente. O país mais jovem do mundo, criado em 9 de julho de 2011, está à beira
de uma catástrofe humanitária. Dividido num conflito, que desde dezembro passado,
opõe o presidente Salva Kiir, da etnia Dinka, e seu ex-vice Riek Machar, da etnia
Nuer. Seis meses de guerra causaram ao menos 10 mil mortes e um milhão de refugiados,
para uma população de 8 milhões de pessoas.
Rico em petrólio, o Sudão do Sul
deve assistir ao drama da fome, que coloca em risco 900 mil crianças. A diretora da
Rádio Católica da Conferência Episcopal do país, Enrica Valentini, descreve que a
esperança que tinham com a independência, de que o país pudesse melhorar e se desenvolver,
se enfraqueceu. “O que as pessoas veem agora é que não há uma solução imediata para
o conflito e para as diferenças,” afirmou. Disse ainda que, de outra parte, há pessoas
com esperança: muitos têm dito que ainda existe a vontade de uma mudança e este momento
da independência serve para refletir.
O tema da independência do Sudão do Sul
deste ano é “Uma só população, uma nação” e é um convite a todos a recordar a idéia
que a independência veio para unir as pessoas. Enrica Valentini reforça que o impressionante
é ver que não há, verdadeiramente, a vontade de sentar e discutir. “As tentativas
de acordo sempre ficam no papel e poucas coisas são colocadas em prática, pois cada
um dos lados não abre mão de suas próprias ideias,” diz ela. Um outro elemento que
veio à tona nas últimas semanas é o federalismo, visto como uma das possíveis soluções
para o conflito. “Mas existe pouca clareza entre a população e também no nível político,
sobre o que efetivamente significa isto,” complementa.
Neste contexto, diz
Enrica, a Igreja está fazendo a sua parte, enfatizando o significado da palavra 'unidade'
também com exemplos. “Acredito que a colaboração entre as várias igrejas, que foi
levada adiante nos últimos anos, é um exemplo prático que a gente pode ter em mente
para depois replicar na sua vida cotidiana," enfatiza. O drama humanitário vivido
por muitas pessoas no país pode se agravar com a estação das chuvas, quando as pessoas
começam a cultivar. Este ano, porém, as pessoas não receberam as sementes e muitas
famílias deixaram o campo, foram para áreas de refugiados e têm medo de retornar devido
a possíveis retaliações.(EF)