Pe. Neuhaus sobre a Terra Santa: "É tempo de encontrar novos líderes com visão profética"
Jerusalém (RV)
– A Terra Santa passa por mais um difícil momento, com a escalada de violência no
conflito entre palestinos e israelenses. A Comissão de Justiça e Paz da Assembléia
dos Ordinários Católicos da Terra Santa divulgou nesta semana um documento, onde exorta
os dois povos a uma mudança radical de comportamento e a reconhecerem-se como irmãos,
pois “violência gera violência”. A Rádio Vaticano conversou com o Vigário Patriarcal
para os Católicos de língua hebraica do Patriarcado Latino de Jerusalém, Padre David
Neuhaus:
Pe. Neuhaus: “Nós vivemos um momento muito dramático na
Terra Santa. É verdade que o ciclo de violência não cessa e existem momentos realmente
dramáticos. Nos precipitamos em uma guerra na qual o Hamas responde, e Israel responde
e todos se sentem vítimas desta situação. É uma linguagem violenta, terrível e nós
na Comissão de Justiça e Paz pensamos em dizer juntos “basta”. O recurso a esta linguagem
mostra uma liderança muito irresponsável, não tem responsabilidade no que diz respeito
ao bem do povo e ao bem dos jovens. Aqui sublinhamos com convicção a linguagem do
Santo Padre, quando aqui veio e depois no Vaticano, convidou os Presidentes de Israel
e Palestina no Vaticano, para formular um outro tipo de linguagem, porque tudo começa
com as palavras. Deus criou o mundo com as palavras e nós criamos o nosso mundo com
a nossa linguagem violenta. Portanto, chegou o tempo – como diz a declaração – de
encontrar outros líderes que possam ter uma visão profética de um mundo melhor daquele
que vivemos agora”.
RV: O senhor fala de uma linguagem em certo
sentido político, porém são interpelados também os líderes religiosos em relação a
esta linguagem...
Pe. Neuhaus: “Absolutamente sim, porque eles devem
ser os modelos de uma linguagem que não conhece a palavra “inimigo”. O chefes religiosos
devem criar esta linguagem que nos torna sempre mais conscientes -, como disse algumas
vezes o Papa na Terra Santa e com muita força aqui no Vaticano -, de que somos chamados
a ser irmãos porque somos todos filhos de Deus”. (JE)