Com a crise
a semear pobreza, há cada vez mais gente sem casa na Europa. Desta forma, estão na
rua sempre mais pessoas e famílias que se encontram em situações de sobrevivência
muito difíceis. No entanto, os governos de alguns países parecem não querer aceitar
esta situação recorrendo para tal à repressão. Segundo a edição online do jornal português
Público há países europeus que estão a avançar com medidas de proibição da mendicidade
e da condição de sem-abrigo. O último exemplo vem da Noruega: este Verão os seus municípios
voltam a poder banir a mendicidade.
A Federação Europeia de Organizações Nacionais
que Trabalham com Sem-Abrigo (FEANTSA) tem manifestado "preocupação" pelo modo como,
em diversos pontos da Europa, se tem optado por "medidas repressivas". No ano passado,
aliou-se à Housing Rights Watch e à Fondation Abbé Pierre para produzir o primeiro
relatório sobre "a criminalização dos sem-abrigo na Europa".
Freek Spinnewijn,
diretor da FEANTSA em declarações ao jornal Público diz que os países que assumiram
este tipo de leis e atitudes proíbem coisas como deitar-se, dormir, comer ou guardar
pertences pessoais no espaço público, mendigar, distribuir comida ou recolher lixo
dos contentores. A tendência vem dos Estados Unidos, com tradição de "lei e ordem"
baseada em políticas como a "tolerância zero". Antes os sem-abrigo não faziam parte
da chamada "população perigosa". Esse lugar pertencia aos ciganos e, na Irlanda e
no Reino Unido, aos chamados ‘travellers’. Com o aumento de estrangeiros entre os
sem-abrigo, alguns tornaram-se "vítimas" de leis e regulamentos que punem o suposto
risco de crime.
Segundo o diretor desta Federação Europeia de Organizações
Nacionais que Trabalham com os Sem-Abrigo, a Noruega tem um estado social forte e
um conjunto de leis progressistas. Os noruegueses não serão tão afetados pela proibição
de mendigar. A medida, anunciada com a promessa de mais apoio à reinserção de toxicodependentes
e expansão da habitação social, recairá, assim, mais sobre os estrangeiros indocumentados,
em particular sobre os de etnia cigana saídos da Roménia, da Bulgária e da Hungria.
Segundo
alguns estudos recentes a criminalização dos sem-abrigo pode ter o perigoso efeito
secundário de forçar as pessoas sem-abrigo a procurarem lugares ainda mais escondidos,
onde é mais difícil receber ajuda, aumentando, assim, a sua marginalização. (RS)
Fonte: Jornal
Público