2014-07-07 16:14:23

A Semana do Papa – uma síntese das principais atividades de 30 de junho a 6 de julho


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No dia em recebeu Filipe VI, Rei de Espanha e a Rainha Letizia o Papa Francisco afirmou na Missa em Santa Marta que “há mais cristãos perseguidos hoje do que nos primeiros séculos”. Foi na segunda-feira, dia 30 de junho, dia em que se faz memória dos Mártires da Igreja Romana, cruelmente assassinados no ano 64 na colina do Vaticano por ordem do Imperador Nero após o incêndio de Roma. Nesse dia o Papa Francisco chamou a atenção para o testemunho dos cristãos, especialmente, dos mártires:

“Hoje há tantos mártires na Igreja, tantos cristãos perseguidos. Pensemos no Médio Oriente, cristãos que têm que fugir das perseguições, cristãos assassinados pelos seus perseguidores. Também os cristãos mandados embora em modo elegante, com luvas brancas: também isto é uma perseguição. Hoje há mais testemunhas, mais mártires na Igreja do que nos primeiros séculos. E nesta Missa, fazendo memória dos nossos gloriosos antepassados, aqui em Roma, pensemos também nos nossos irmãos que vivem perseguidos, que sofrem e que com o seu sangue fazem crescer a semente de tantas Igrejas pequeninas que nascem. Rezemos por eles e também por nós.”

Nesta semana teve lugar no Vaticano mais uma ronda de encontros do Conselho de Cardeais, concretamente entre os dias 1 e 4 de julho. Um Conselho de Cardeais que passou a ser noticiado pela imprensa com a sigla C9, pois passou a ter nove membros, visto que conta também com a presença do Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin.

Nos encontros desta semana foram abordados temas como o Governatorato, a Secretaria de Estado, o IOR - Instituto para as Obras de Religião e o futuro de alguns organismos vaticanos. Destaque para a análise sobre o papel dos 'leigos’ e da ‘família'. Ouçamos o Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé a este propósito num briefing com os jornalistas na sexta-feira, dia 4:

"O ponto interessante que foi objeto de reflexão, foi, sobretudo, a contribuição e o papel dos leigos, das pessoas casadas e das mulheres neste contexto e nestes organismos, ou neste organismo, dependendo de como o projeto continuará a desenvolver-se. De momento, não existe nenhuma decisão sobre as formas do organismo, da estrutura, visto que se continua com aprofundamentos que de seguida se vão inserir no quadro mais complexo da reforma da Cúria. Portanto, atualmente, não há uma decisão sobre as formas do dicastério ou dos dicastérios, sobre estes temas."


Outros temas abordados nestes dias foram as nunciaturas e o seu trabalho, a escolha dos núncios e ainda os procedimentos para a nomeação dos bispos. Não foi tomada nenhuma decisão específica, mas foi dado espaço à troca de opiniões. Sobre o ambiente destes encontros o P. Lombardi afirmou que existe uma “grande satisfação pelo clima que se estabelece" acrescentando ser importante nestas reuniões “ a liberdade de expressão e a sinceridade”:

"Eles insistiram nesta caracterização, ou seja, sobre a liberdade de expressão, sobre a sinceridade com a qual os membros manifestam os seus pensamentos, e também sobre a cordialidade e a sincera apreciação recíproca. O Papa insere-se com naturalidade nesta dinâmica de diálogo, intervindo e favorecendo a liberdade de expressão e o desenvolvimento do diálogo. É claro que se trata de um Conselho que faz propostas e depois o Papa conserva a sua autoridade e liberdade de decidir."

O P. Lombardi deixou claro neste briefing que de momento não se pode falar da existência de um esboço da nova Constituição Apostólica sobre a Cúria Romana, pois existe ainda caminho para se fazer e contributos e aprofundamentos específicos para serem apresentados.


No dia 5 de Julho, sábado, o Papa Francisco esteve na região italiana do Molise em visita pastoral. Desde logo, teve de manhã um encontro com o mundo do trabalho na Aula Magna da Universidade de Campobasso:

Nas palavras ali pronunciadas, o Papa começou por realçar o significado que assumia que este encontro tivesse lugar na Universidade: “exprime a importância da investigação e da formação, também para dar resposta às complexas questões que a atual crise económica coloca, tanto no plano local, como a nível nacional e internacional.”

Em alusão a quanto dissera um representante do mundo rural, o Papa reafirmou uma vez mais a necessidade de “proteger” (defender, cuidar da) terra. “Este é um dos maiores desafios da nossa época: convertermo-nos a um desenvolvimento que saiba respeitar a natureza criada”.
Comentando a intervenção de uma operária, mãe de família, o Papa agradeceu o seu testemunho e o apelo por esta lançado a favor do trabalho e da família.

“Trata-se de procurar conciliar os tempos do trabalho com os tempos da família. É um ponto crítico, um ponto que nos permite discernir, avaliar a qualidade humana do sistema económico em que nos encontramos”.

Foi neste contexto que o Papa colocou a questão do “trabalho dominical, que (observou) não diz respeito apenas aos crentes, mas todos, como escolha ética”:

“A pergunta é: a que é que queremos dar prioridade? O domingo livre do trabalho – excetuados os serviços necessários – está a afirmar que a prioridade não é o elemento económico, mas o humano, o gratuito, as relações não comerciais mas sim familiares, amigáveis, para os crentes também a relação com Deus e com a comunidade. Chegou porventura o momento de nos perguntarmos se trabalhar ao domingo é uma verdadeira liberdade”.


Seguidamente, o Papa Francisco celebrou a Eucaristia num antigo estádio da cidade de Campobasso. Na homilia, o Papa sublinhou “dois aspetos essenciais da vida da Igreja: um povo que serve a Deus e um povo que vive na liberdade que Ele lhe dá. “Antes de mais, nós somos um povo que serve a Deus. O serviço a Deus realiza-se em diversos modos, em particular na oração, no anúncio do Evangelho e no testemunho da caridade. E o ícone da Igreja é sempre a Virgem Maria, a serva do Senhor”.

“O testemunho da caridade é a via mestra da evangelização. Nisto, a Igreja sempre esteve na primeira linha, presença materna e fraterna que partilha as dificuldades e as fragilidades das pessoas”.



“Há que colocar a dignidade da pessoa humana no centro de todas as perspetivas e de todas as ações. Outros interesses, mesmo legítimos, são secundários”.

Finalmente, uma referência ao segundo aspeto inicialmente acenado: a liberdade do povo de Deus. “A Igreja é livre na liberdade de Deus, que se concretiza no amor”.

“É esta a liberdade que, com a graça de Deus, experimentamos na comunidade cristã, quando nos colocamos ao serviço uns dos outros. Então o Senhor liberta-nos de ambições e rivalidades, que ameaçam a unidade e a comunhão. Liberta-nos do desânimo, da tristeza, do medo, do vazio interior, do isolamento, das nostalgias, das lamentações”.

“Os discípulos do Senhor, embora permanecendo sempre débeis e pecadores, estão chamados a viver com alegria e coragem a própria fé, a comunhão com Deus e com os irmãos e a enfrentar com fortaleza as fadigas e as provações da vida”.

No final da Missa o Papa Francisco encontrou-se com pessoas doentes. Como habitualmente nas suas viagens, o Santo Padre almoçou com pobres, assistidos pela Cáritas, ainda na cidade de Campobasso.

Da parte da tarde esteve com os jovens das dioceses de Abruzzo e do Molise e com os presos de Isérnia. Aí deu início ao Ano Jubilar Celestiniano, no 8º centenário do nascimento de São Celestino V.

No Angelus deste domingo o Papa Francisco afirmou que é preciso dar alívio e conforto aos nossos ‘irmãos’:

“Uma vez recebido o alívio e o conforto de Cristo, somos chamados a tornarmo-nos alívio e conforto para os irmãos, com atitude humilde e mansa, imitando o Mestre. A mansidão e a humildade do coração ajudam-nos suportar a carga dos outros, mas também a não fazer pesar sobre eles as nossas visões pessoais, os nossos juízos ou as nossas críticas ou a nossa indiferença.”

E com o Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 30 de junho a 6 de julho. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa. (RS) RealAudioMP3








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