Papa em visita pastoral a Campobasso: não poder levar o pão para casa tolhe a dignidade
Campobasso
(RV) - "Deus não se cansa de perdoar": esse é o tema da visita pastoral que o
Papa Francisco realiza neste sábado às localidades de Campobasso, Castelpetroso e
Isernia, situadas na região italiana do Molise.
O helicóptero com o Papa a
bordo pousou por volta das 8h30 locais no heliporto da Universidade do Molise, em
Campobasso, com dez minutos de antecedência em relação ao horário previsto.
O
Santo Padre foi acolhido, entre outros, pelo arcebispo de Campobasso-Boiano, Dom Giancarlo
Bregantini. Dali até o complexo universitário Francisco transferiu-se de papamóvel,
sendo calorosamente saudado pelos fiéis que o acompanharam ao longo do trajeto.
O
primeiro encontro do Papa em Campobasso, sul da Itália, deu-se com o mundo do trabalho
e da indústria, realizado na Sala Magna da Universidade do Molise. Após a saudação
do reitor, de um agricultor e de uma operária da Fiat, mãe de uma criança e grávida
– o Papa as tocou e abençoou o barrigão.
Em seguida, Francisco fez seu discurso
agradecendo, inicialmente, pelo acolhimento e, sobretudo, por partilharem com ele
a realidade em que vivem, as fadigas e esperanças. Logo depois, acrescentou espontaneamente:
"O
senhor reitor tomou a expressão que disse uma vez, que o nosso Deus é o Deus das surpresas:
é verdade. Todos os dias nos surpreende! Assim é o nosso Deus Pai. Mas disse outra
coisa sobre Deus... Deus que rompe os esquemas. E se não tivermos a coragem de romper
os esquemas, jamais seguiremos adiante, porque o nosso Deus nos impele a isso: a sermos
criativos sobre o futuro. É uma bonita definição teológica!"
"Minha visita
à região do Molise – prosseguiu – começa com este encontro com o mundo do trabalho,
mas o lugar em que nos encontramos é a Universidade. E isso é significativo: expressa
a importância da pesquisa e da formação também para responder aos novos complexos
questionamentos que a atual crise econômica apresenta, em nível local, nacional e
internacional. E isso foi há pouco testemunhado pelo jovem agricultor com sua escolha
de especializar-se em agronomia e de trabalhar a terra 'por vocação'."
"O permanecer
camponês na terra não é ficar fixo em um lugar; é fazer um diálogo, um diálogo fecundo,
um diálogo criativo. É o diálogo do homem com a sua terra que a faz florescer, a faz
tornar-se fecunda para todos nós. Isso é importante. Um bom percurso formativo não
oferece soluções fáceis, mas ajuda a ter um olhar mais aberto e mais criativo para
valorizar melhor os recursos do território."
Em seguida, ressaltou outro desafio:
o desafio apresentado pela mãe operária, "que falou também em nome de sua família:
o marido, a criança pequena e a criança no ventre. Seu apelo é um apelo pelo trabalho
e, ao mesmo tempo, pela família. Obrigado por este testemunho!
De fato, frisou,
"trata-se de buscar conciliar o tempo de trabalho com o da família". E acrescentou
espontaneamente: Quando vou ao confessionário, agora não tanto como fazia em Buenos
Aires... "Quando vem uma mãe ou um pai jovem, pergunto: 'Quantas crianças tem?' E
faço outra pergunta, sempre. Você brinca com suas crianças?... Por favor, percam tempo
com suas crianças!"
Nesse sentido, o Papa defendeu o domingo livre do trabalho
– exceto os serviços necessários –, ressaltando que o mesmo afirma que a prioridade
não é o econômico, mas o humano, o gratuito, as relações não comerciais, mas familiares,
amistosas, para os que creem, para a relação com Deus e com a comunidade.
Em
seguida, Francisco disse ter visto que na região do Molise se está buscando responder
ao drama do desemprego somando as forças de modo construtivo, buscando um 'pacto pelo
trabalho', encorajando-os a seguirem adiante nesse caminho, que pode dar bons frutos
ali como em outras regiões.
Após ressaltar que a falta do trabalho tolhe a
dignidade, evidenciou que o problema mais grave é justamente este, o não poder levar
o pão para casa. "Por isso devemos trabalhar e defender a dignidade que o trabalho
dá", frisou Francisco. (RL)