Francisco em Isernia: a misericórdia é profecia de um mundo novo
Isernia (RV) - São Celestino V, como São Francisco, sentiu a necessidade de
dar ao povo a coisa mais importante: "a misericórdia do Pai, o perdão". Foi o que
recordou o Papa Francisco no último discurso de sua visita ao Molise, região do sul
da Itália. Tratou-se do discurso feito durante o encontro com o povo de Isernia, na
praça da catedral da cidade, durante o qual deu início ao Ano jubilar Celestiniano.
"A
misericórdia de Deus renova o mundo": esse foi o cerne do discurso que o Santo Padre
dirigiu à população de Isernia, onde em 1215 nasceu Pietro da Morrone, que, eleito
Papa, tomou para si o nome de Celestino V.
Ele e São Francisco de Assis, ressaltou
o Papa, tiveram "um fortíssimo sentido da misericórdia de Deus". Ambos conheciam a
sociedade de seu tempo com suas grandes pobrezas e tinham a mesma forte compaixão
de Jesus pelas muitas pessoas cansadas e oprimidas.
Mas, frisou o Pontífice,
não se limitavam a dispensar bons conselhos: "eles, por primeiro, fizeram uma escolha
contracorrente" confiando-se na "Providência do Pai" e "sentiram a necessidade de
dar ao povo a coisa mais importante, a riqueza maior: a misericórdia do Pai, o perdão":
"A
misericórdia, a indulgência, o perdão da dívida, não é somente algo de devocional,
de íntimo, um paliativo espiritual, uma espécie de óleo, que nos ajuda a sermos mais
suaves, mais bons. Não! É a profecia de um mundo novo, misericórdia é profecia de
um mundo novo em que os bens da terra e do trabalho são distribuídos de modo equânime
e ninguém fica desprovido do necessário, porque a solidariedade e a partilha são a
consequência concreta da fraternidade."
Assim se revela o significado do Ano
jubilar Celestiniano que o Papa declarou aberto e durante o qual "será escancarada
a todos a porta da divina misericórdia": não se trata de uma fuga da realidade, mas
é "a resposta que vem do Evangelho":
"O amor como força de purificação das
consciências, força de uma renovação das relações sociais, força de projetação por
uma economia diferente, que no centro coloca a pessoa, o trabalho, a família, e não
o dinheiro e o lucro."
"Este caminho não é o do mundo": "não somos sonhadores",
disse o Papa Francisco, ressaltando, porém, com veemência, que "este caminho é bom
para todos". E como "sabemos que somos pecadores" e que somos sempre tentados a não
segui-lo, "nos confiamos à misericórdia de Deus" e nos comprometemos a produzir frutos
de conversão e de misericórdia:
"Essas duas coisas: converter-se e fazer obras
de misericórdia. Essa é a música, por assim dizer, deste ano, deste ano jubilar, deste
ano Celestiniano." (RL)