2014-07-04 19:01:43

Arcebispo de Mosul: "O ISIL levou embora minha Diocese"


Bagdá (RV) – O Arcebispo caldeu de Mosul, Dom Emil Shimoun Nona, contou a sua experiência à “Ajuda à Igreja que Sofre” (AIS), desde que foi obrigado a abandonar a cidade, nos dias passados, após a invasão de algumas áreas do país por jihadistas do Estado Islâmico. O prelado, que se transferiu ao povoado Tall Kayf, localizado três quilômetros ao norte de Mosul, explicou como a Igreja acolheu todos que fugiram por causa do avanço dos islâmicos, quer cristão que muçulmanos.

“É a nossa fé que nos ensina a ajudar e cuidar de todos, sem fazer distinção de religião”, afirmou. Os refugiados, de fato, foram alojados em escolas e asilos pertencentes à Igreja e em algumas casas abandonadas. Em Tall Kayf chegaram 700 famílias, enquanto no povoado cristão de Alqosh, localizado a 20 km de Mosul, foram acolhidas 500 famílias cristãs e 150 muçulmanas. Como exemplo, um casal com seus cinco filhos foram alojados junto a outras famílias em uma gráfica onde são impressos textos religiosos.

A Ajuda à Igreja que Sofre apoiou a obra da Arquidiocese em favor dos refugiados com um aporte financeiro de 100 mil euros.

“Deixamos tudo em Mosul – conta o fiel caldeu a AIS –, conseguimos carregar somente as roupas do corpo e os nossos documentos. E agora não sabemos se poderemos retornar algum dia para casa”. Outra mulher com quatro crianças espera transferir-se ao Ocidente assim que for possível.

Alguns querem partir, outros não pretendem abandonar o próprio país. Entre os cristãos iraquianos, no entanto, é comum a incerteza sobre o futuro que os aguarda, sentimento partilhado por Dom Nona. Hoje, mais de ¾ dos seus 10 mil fiéis estão em fuga. “Não sei se seremos capazes de retornar, disse à AIS. A minha Diocese não existe mais. O Estado Islâmico levou-a embora”.

No recente Sínodo da Igreja Caldeia – realizado em Erbil, ao invés de Bagdá, devido ao ataque dos jihadistas -, os bispos procuraram desesperadamente respostas para esta nova crise. “Os refugiados não representam a única emergência que devemos enfrentar, afirmou. O avanço do Estado Islâmico do Iraque e do Levante reavivou as tensões entre sunitas e xiitas, aumentando o sentimento de insegurança entre os cristãos”, que já perderam a confiança de um futuro nesta terra.

As esperanças da Igreja iraquiana estão depositadas no Curdistão, a Província semi-autônoma onde, desde o início da guerra de 2003, muitos cristãos encontraram refúgio. E os bispos esperam que os próprios fiéis fugidos por causa do avanço do Estado Islâmico possam encontrar ali uma casa, sem ter que abandonar o Iraque. (JE)








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