2014-06-27 18:47:56

No Vaticano, o Coro Sinodal do Patriarcado de Moscou


Cidade do Vaticano (RV) – A Solenidade dos Santos Pedro e Paulo renova também neste ano a sua característica ecumênica, acolhendo o Coro Sinodal do Patriarcado de Moscou, que junto à Capela Musical Pontifícia, realizará no sábado um concerto na Capela Sistina intitulado “Ut unum sint” e no domingo, animará a celebração litúrgica na Basílica de São Pedro presidida pelo Papa Francisco.

Os dois corais cantarão juntos - com os dois maestros se alternando na direção -, repertórios emblemáticos das duas Igrejas. “O que foi separado pela história reencontra a sua unidade na arte”, explicou à Rádio Vaticano o Diretor da Capela Sistina, Massimo Palombella:

Palombella: “Acredito que fazer experiência deste ponto de vista seja, antes de tudo, responder a um mandato eclesial profundo, isto é, por meio da arte, lançar pontes de diálogo e de encontro, usando as fontes comuns, usando a linguagem que vai além da teologia e da diplomacia. A segunda coisa é que ganhamos em profissionalismo, porque o serviço eclesial nos obriga à verdade de nós mesmos”.

RV: “Ut unum sint” é o título deste concerto. Pergunto ao senhor: vocês também cantaram em Moscou e portanto conhecem este coral, tem um repertório que é o da música da Igreja latina. Qual tem sido a resposta, até o momento, em se fazer música juntos?

Palombella: “O Coral de Moscou é aquele que eu “mais temia”, justamente porque trabalhar com Westminster Abbey ou São Tomás de Lipsia – portanto anglicanos e luteranos – bem ou mal, estamos em um contexto europeu, motivo pelo qual é fácil encontrar fontes comuns. Ali, no entanto, nos encontrávamos diante de uma realidade mais longínqua, culturalmente falando. A resposta foi excelente, no sentido de que fizemos um duplo movimento. Nós cantamos em russo transliterando tudo e eles cantaram em latim. Não pedimos para nos adequar, fizemos ambos um movimento voltado para pontos comuns. A coisa interessante, depois, é que também no concerto nos alternamos na direção do Coro com o Maestro do Coro Sinodal. E na Basílica de São Pedro, em 29 de junho, a celebração iniciará com o “Tu es Petrus” de Palestrina – na Festa dos Santos Pedro e Paulo – e o dirigirá o maestro do Coro Ortodoxo de Moscou. Estes são grandes sinais do ponto de vista ecumênico e cultural”.

RV: Uma palavra para dizer o que os dois repertórios exprimem na tradição eclesial...

Palombella: “Exprimem a compreensão da fé em um momento histórico preciso. A Igreja latina teve momentos históricos em que a fé dialogou profundamente com a cultura e tornou-se plástica por meio da arte. A mesma coisa ocorreu na Igreja Ortodoxa, com parâmetros culturais diferentes, mas é o mesmo processo”.

RV: Portanto, quando separado pela história revive, por outro lado, a sua unidade na arte....”.

Palombella:Necessariamente, porque a arte destinada à liturgia é o fruto do atormentado diálogo que a fé deve ter com a cultura. Se isto não ocorre, é uma fé estéril. E a fé que dialoga com a cultura é um processo profundo que devemos fazer e é através deste processo que nós podemos reconstruir unidade”.

RV: O Papa nunca lhe fez algum comentário, alguma solicitação?

Palombella: “Nós começamos este trabalho com o Papa Bento e realizamos o diálogo com os anglicanos. Depois mudou o Papa e havia este trabalho de diálogo com os luteranos, e então escrevemos pedindo se o projeto poderia continuar e a resposta foi: “Absolutamente sim!”. E todo o discurso do diálogo com a Igreja Ortodoxa foi levado em frente com força, por ele; no sentido de que é um projeto no qual ele investiu pessoalmente. Portanto, neste sentido encontramos uma absoluta continuidade na forma de agir dos dois Papas”.

RV: “E, portanto, podemos dizer que as divergências não devem nunca nos assustar, mensagem esta também da Igreja. Vocês encarnam esta realidade?

Palombella: “Obviamente. Mas porque depois, no campo artístico, as divergências são superadas, como aconteceu quando fizemos a oração pela paz nos Jardins Vaticanos: também ali foi muito interessante ver músicos judeus, muçulmanos e cristãos que tocavam juntos. Querendo tocar juntos, querendo dar sinais de que existem coisas e realidades que superam as nossas compreensões culturais e às quais devemos olhar para ser mais humanos do que como nos parece que somos”. (JE)








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