Cidade do Vaticano (RV) - Dom Jaime Spengler viajou para Roma a fim de receber,
como 7º. Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre, o pálio, das mãos do Papa Francisco,
no dia 29 de junho, festa dos Apóstolos Pedro e Paulo, dos quais o Papa é o sucessor.
Trata-se de uma insígnia exclusiva dos Arcebispos e do Patriarca de Jerusalém do rito
latino.
O Pálio é uma pequena estola, feita de lã branca de cordeiro, com seis
cruzes e franjas pretas. Exprime o poder que o Arcebispo recebe na província eclesiástica.
Liga-o mais estreitamente com a Igreja de Roma. Tem, pois, um valor simbólico de comunhão
eclesial. É usado nas celebrações litúrgicas mais solenes dentro da Província.
Em
toda Celebração Eucarística se faz a lembrança da Igreja. Realiza-se em união com
o Papa, que reside em Roma e o Bispo que preside a Igreja local. A rigor quem não
se encontra em união com ambos, não pode celebrar a Missa.
Além desta união
hierárquica, que representa o próprio Cristo, a Igreja acrescenta, em suas celebrações,
a comunhão com os santos, que estão no céu, os falecidos que lembramos com saudade,
e todo o povo de Deus, que forma a família cristã. Todos os que integramos esta família
– do céu, da terra e do purgatório – nos encontramos com o Pai celeste para lhe oferecer
o sacrifício de seu Filho, Salvador e Irmão nosso, na unidade do Espírito Santo.
A
união na Igreja é hierarquizada. Sua cabeça é Cristo, a alma, o Espírito Santo, e
o corpo somos todos nós, membros da Igreja, batizados. Esta união se torna visível
para a Igreja católica na pessoa do Papa e para a Igreja local na pessoa do Bispo.
Cinco notas caracterizam nossa Igreja de Cristo: una, santa, católica, apostólica
e porto-alegrense. Ou seja, a Igreja vive sua unidade universal em torno do Papa;
cresce na santidade pela Palavra de Deus, pelos Sacramentos e pela caridade cristã;
manifesta sua catolicidade pela abertura a todos os povos e a toda a verdade; comprova
sua apostolicidade pela sucessão dos Apóstolos, na dupla vertente de Pedro, em Roma,
e dos Apóstolos em Porto Alegre.
Como a Igreja se espalha por todo o mundo,
sentiu-se a necessidade de tornar mais orgânica sua estrutura. Além dos Patriarcados
que, antigamente exerciam grande atuação nas regiões sob sua jurisdição – basta lembrar
os quatro grandes Patriarcados que dividiam a atividade da Igreja primitiva; Roma,
Jerusalém, Antioquia e Alexandria – organizaram-se também Províncias eclesiásticas.
Estas têm à sua frente um Arcebispo, assim como os patriarcados têm como Pastor próprio
um Patriarca. A Província compreende diversas dioceses – chamadas por isso de sufragâneas
– sob a coordenação de um Arcebispo. O sucessor dos Apóstolos na diocese chama-se
Bispo. O de uma Arquidiocese recebe o título de Arcebispo. A ele cabe certa supervisão
sobre a Província.
O Arcebispo recebe o pálio das mãos do Papa para significar
sua estreita relação com ele. Pode usá-lo somente dentro do território de sua Província.
É o sinal externo de sua função arquiepiscopal.
Como o pálio mostra a ligação
mais íntima do Arcebispo com o Papa, é confeccionado pelas monjas beneditinas de Roma.
Antes de ser entregue aos Arcebispos – nomeados no ano que culmina no dia 29 de junho,
os pálios são conservados numa urna, junto ao túmulo do Apóstolo Pedro, na Basílica
Vaticana.
O pálio é confeccionado com lã de cordeiro e benzido pelo Sumo Pontífice.
Simboliza a função do Pastor que, na feliz expressão do Papa Francisco, deve ter o
“cheiro das ovelhas”. Por isso traz sobre os próprios ombros, como faixa representativa,
este símbolo feito de lã de cordeiro.
Como o Pastor é uma pessoa viva, com
nome próprio, o pálio é estritamente pessoal. Liga o arcebispo à sua Arquidiocese.
Se, por acaso, for transferido para outra Arquidiocese, deverá receber outro pálio.
O Arcebispo emérito fica com o seu pálio, que levará para o túmulo. Por isso o Pálio
que Dom Jaime recebe, em Roma, no dia 29 de junho, o vincula à arquidiocese de Porto
Alegre, com as sufragâneas Caxias, Novo Hamburgo, Osório e Montenegro. Até 2005, por
quase 100 anos, Porto Alegre sediava a Província de todo o Rio Grande do sul, até
à elevação de S. Maria, Passo Fundo e Pelotas à categoria de Arquidioceses no Estado.
Dom
Dadeus Grings Arcebispo Emérito de Porto Alegre