O Papa na Coreia em agosto. Que país ele vai encontrar?
Seul (RV) – Aproxima-se a data da viagem do Papa à Coréia do Sul e a expectativa
aumenta. O Pontífice partirá no dia 13 de agosto, para participar da sexta Jornada
da Juventude Asiática. Dentre os eventos mais aguardados, está a missa pela paz e
a reconciliação entre as duas Coreias.
Uma faixa de terra de 4 km de largura
ao longo do 38º paralelo divide as duas Coréias. Desmilitarizada, a área foi criada
com a assinatura do armistício de 1953 e ainda hoje representa uma ferida aberta:
um muro que amplia as diversidades e transforma o irmão em inimigo.
O entusiasmo
dos coreanos com a visita de Francisco é palpável e a RV entrevistou o Professor Antonio
Fiori, que ensina Política e Instituições da Corea na Universidade de Bolonha, para
saber porquê.
“Porque a sociedade, a religiosidade dos coreanos mudou muito
na última década. O país está certamente muito alegre e sente a responsabilidade de
ter sido escolhido como o primeiro asiático a ser visto pelo Papa. Creio que esta
visita possa ser a ocasião para reafirmar a inutilidade da divisão que a península
ainda vive, em 2014. Poderá ser uma “ponte” para reduzir as diferenças existentes
entre os dois países”.
Para Professor Thomas Hong-Soon Han, membro do Pontifício
Conselho para os Leigos desde 1984 e embaixador da Coréia na Santa Sé de 2010 a 2013,
“a Ásia tem sede de justiça e de paz, pois apesar de um significativo crescimento
econômico, persiste o clamoso escândalo de várias formas de pobreza e violação de
direitos humanos”.
Entrevistado pela agência Aleteia, o professor aponta
que a região é uma das mais armadas do mundo e um dos países mais poluidores. “Neste
contexto, é mais necessário do que nunca que os católicos asiáticos testemunhem a
doutrina social suas obras. Tal testemunho fará a Igreja ser mais crível na Ásia e
corrigirá a impressão, errada, de que o catolicismo é uma religião estrangeira”.
“O
Papa virá antes de tudo como um missionário, para transmitir a alegria do Evangelho
aos povos asiáticos, principalmente aos jovens. Virá para preparar com Deus ‘uma grande
primavera cristã’ do terceiro milênio na Ásia, onde os católicos são uma pequena maioria
de 140 milhões, ou seja, 3,3% em 4 bilhões e 200 milhões e meio de pessoas”.
“Francisco
tem um impacto muito eficaz nos coreanos. Depois de vê-lo viver na simplicidade e
humildade, praticar a caridade e o amor pelos pobres e doentes, muitos coreanos estão
se aproximando da fé e se batizando. Com a visita, pode-se esperar um aumento no ritmo
de crescimento da Igreja, uma mudança significativa no estilo de vida da Igreja e
da sociedade, e a promoção da cultura do amor na Península coreana”.