Cassano - (RV) - O Papa João Paulo II, nos passos de São Francisco de Paula,
lançou um apelo contra o crime organizado; seu sucessor, Bento XVI, decidiu seguir
a Cartuxa de Serra San Bruno por uma verdadeira e própria ode ao silêncio. Se pode
concluir, nestas duas atitudes, as recordações das visitas dos últimos dois pontífices
à Calábria. Repensando João Paulo II e Bento XVI, há uma grande expectativa pela visita
de Papa Francisco a Cassano neste sábado, 21, quando encontrará detentos da prisão
de Castrovillari, pobres, doentes e idosos.
Antes da visita de Wojtyla, é preciso
retornar 800 anos para encontrar as pegadas de um Papa na Calábria. Em 1165, Alexandre
III e, antes dele, estiveram na Calábria Papa Constantino I, em 710; Urbano II, em
1096 e Calixto II, em 1122.
Era outubro de 1984 quando o Papa João Paulo II
foi à Calábria para sua 44ª viagem na Itália e a primeira dedicada inteiramente a
uma região. O primeiro encontro foi dedicado aos agricultores. O Papa foi a Lamezia
Terme para, em seguida, fazer uma parada na Serra San Bruno, no Santuário de São Francisco
de Paula, e depois ir a Catanzaro, Cosenza, Crotone e Reggio Calábria.
Olhando
a figura de São Francisco de Paula, Papa Wojtyla, pediu aos fiéis a “encarnarem as
suas virtudes”, de forma a poder debelar “os males sociais que, aos olhos de muitos,
obscureceram a imagem desta região trabalhadora”. Complementou dizendo que, “se tiverem
a coragem de cancelar o silêncio, cúmplice da criminalidade, irão melhorar os exemplos
entre vós e assim será quebrada a trágica cadeia de vingança e tornará a florir a
convivência serena.”
Sete anos depois da visita de João Paulo II, a Calábria
saudou Bento XVI. Em outubro de 2011, Papa Ratzinger celebrou a missa em Lamezia
Terme e depois visitou a Certosa de Serra San Bruno, onde lançou um apelo profundo
sobre o tema do silêncio e da solidão. O seu discurso também olhava os jovens, muitas
vezes vítimas do ruído de fundo e da onipresença dos meios de comunicação.
Bento
XVI, na Calábria e nos passos de San Bruno, que há nove séculos ensinou aos cartuxos
uma vida de silêncio, pobreza, oração e trabalho, citou o “rumor” sempre presente
também à noite, com as “pessoas imersas em uma realidade virtual, com mensagens audiovisuais
que as acompanham da manhã à noite.” Os jovens, complementou, “já nascem nesta condição”,
“parecendo querer preencher de músicas ou imagens cada momento vago”, uma tendência
que se transforma numa “mutação antropológica.”(EF)