2014-06-20 12:23:53

Papa diz que perseguições religiosas "atentam contra a paz e humilham a dignidade das pessoas"


Cidade do Vaticano- (RV) - O Papa Francisco recebeu nesta sexta-feira, 20, na Sala do Concistório, no Vaticano, cerca de 200 participantes do Congresso Internacional sobre Liberdade Religiosa, que acontece em Roma até sábado, 21. Com o tema "A liberdade religiosa segundo o direito internacional e o conflito global dos valores", o evento é organizado pela Universidade St. Johns’s e pelo Ateneo LUMSA. O encontro conta com a presença, dentre outros especialistas no tema, do relator especial das Nações Unidas para a Liberade Religiosa, Heiner Bielefeldt.

O Papa Francisco, em seu discurso, afirmou que “recentemente, o debate em torno da liberdade religiosa tornou-se muito intenso, interpelando governos e religiões. A Igreja Católica, neste sentido, possui uma longa história de apoio à liberdade religiosa, que culminou na Declaração “Diagnitatis Humanae”, do Concílio Ecumênico Vaticano II.”

O Pontífice disse ainda que “cada ser humano é um pesquisador da verdade sobre sua própria origem e seu próprio destino. Na sua mente e no seu coração, surgem interrogações e pensamentos que não podem ser represados ou sufocados, enquanto emergem do mais profundo e são inerentes à íntima essência da pessoa. São questões que dependem da liberdade religiosa para se manifestarem plenamente. Buscam iluminar o autêntico significado da existência, sobre o legado que nos conecta ao cosmos e à história, e pretendem penetrar na escuridão que circunda a história humana se tais perguntas não fossem colocadas e permanecessem sem resposta. Diz o Salmista: “Quando vejo o céu, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que fixaste, que é um mortal, para dele te lembrares, e um filho de Adão, que venhas visitá-lo?” (8,4).

Papa Francisco prosseguiu dizendo que “a razão reconhece na liberdade religiosa um direito fundamental do homem, que reflete a sua mais alta dignidade, aquela de poder buscar a verdade e reconhecer nela uma condição indispensável para poder empregar toda sua potencialidade. A liberdade religiosa não é somente aquela de um pensamento ou de um culto privado. É a liberdade de viver segundo os princípios éticos, conseqüência da verdade encontrada, privada ou publicamente. Este é um grande desafio no mundo globalizado que, em nome de um falso conceito de tolerância, termina por perseguir aqueles que defendem a verdade sobre o homem e suas consequências éticas.”

Ainda em relação ao tema, o Santo Padre afirmou que “os ordenamentos jurídicos, governamentais ou internacionais são chamados a reconhecer, garantir e proteger a liberdade religiosa, que é um direito intrinsecamente inerente à natureza humana, à sua dignidade de ser livre e também um indicador de uma saudável democracia, e uma das fontes principais da legitimidade do Estado. A liberdade religiosa, referida nas constituições e nas leis, e traduzida em comportamentos coerentes, favorece o desenvolvimento de mútuo respeito entre as diversas confissões e uma sadia colaboração com o Estado e a sociedade política, sem confusão de papeis e sem antagonismos. Ao invés do conflito global dos valores, é possível deste modo, a partir de um núcleo de valores universalmente compartilhados, uma global colaboração em vista do bem comum.”

O Papa também disse serem inaceitáveis as perseguições por motivos religiosos: “à luz da razão, confirmada e melhorada, e do progresso civil dos povos, é incompreensível e preocupante que, até hoje, no mundo, permaneçam discriminações e restrições de direitos pelo simples fato de alguém pertencer e professar publicamente uma determinada fé. É inaceitável que ainda existam verdadeiras perseguições por motivos de religião! Isto fere a razão, atenta contra a paz e humilha a dignidade do homem. É para mim motivo de grande dor constatar que os cristãos no mundo são os que mais sofrem tais discriminações. As perseguições contra os cristãos são mesmo mais fortes do que nos primeiros séculos da Igreja e hoje existem mais cristãos mártires que naquela época,” conclui o Pontífice.(EF)








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