Dia Mundial do Refugiado: perseguição, violência, conflito e violação dos direitos
humanos
Nova York (RV) - Celebra-se nesta sexta-feira, 20 de junho, o Dia Mundial do
Refugiado.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) anunciou
que 51,2 milhões de pessoas foram deslocadas à força no mundo em 2013. Elas foram
vítimas de perseguição, violência, conflito ou violação dos direitos humanos.
O
número é quase 15% maior do que o registrado no ano anterior. Pela primeira vez, depois
da II Guerra Mundial, a quantidade de refugiados, deslocados internos e pessoas em
busca de asilo superou os 50 milhões.
O relatório 'Tendências Globais' mostrou
que o aumento foi causado, principalmente, pela guerra na Síria, que até o fim do
ano passado forçou a fuga de 2,5 milhões de pessoas para países vizinhos e deixou
mais de 6,5 milhões de deslocados internos.
O alto comissário da ONU para refugiados,
António Guterres, disse que "todos estão vendo o imenso custo de guerras sem fim,
do fracasso para se resolver ou prevenir um conflito".
Guterres afirmou que
atualmente a paz está em déficit, a ajuda humanitária serve como paliativo e soluções
políticas são vitalmente necessárias. Sem isso, ele explica que os níveis alarmantes
de conflito e sofrimento em massa vão continuar.
Segundo o Acnur, esses 51,2
milhões de pessoas formariam o 26º maior país do mundo. São 33,7 milhões de deslocados
internos, 16,7 milhões refugiados e 1 milhão e 200 mil em busca de asilo.
Além
da Síria, o relatório mostrou grandes deslocamentos no Sudão do Sul e na República
Centro-Africana. Mais de 53% dos refugiados no mundo são de apenas três países: Afeganistão,
Síria e Somália.
Já os países que mais acolhem refugiados são, Paquistão, Irã,
Líbano, Jordânia e Turquia.
O Brasil registrou um grande aumento no número
de pedidos de refúgio, como explicou de Paris, em entrevista à Rádio ONU, o consultor
jurídico do Acnur, José Fischel.
“O Brasil tem um regime de proteção de refugiados
baseado em dois pilares: um pilar legal, que é a lei, e um pilar institucional, que
é o Conare, o Comitê Nacional para os Refugiados. Mas o número de refugiados no Brasil
sempre foi muito limitado. Até recentemente, por exemplo, em 2010, não chegavam no
Brasil mais do que 500 solicitantes de refúgio por ano, em 2010 foram 566. O que nós
testemunhamos nos últimos anos foi uma multiplicação de quase por 10 do número de
solicitantes de refúgio. Em 2013, por exemplo, houve 5.256 solicitantes de refúgio.”
O
Acnur trabalha para encontrar soluções de longo prazo para o problema dos deslocados.
Uma
das possibilidades, segundo a agência, é o retorno voluntário dessas pessoas quando
possível, mas outras opções incluem a integração no novo local ou a transferência
para um terceiro país.
O relatório mostrou que 2013 registrou o quarto nível
mais baixo de refugiados que voltaram aos países de origem. Esse é o pior resultado
em quase 25 anos. (MJ/Rádio ONU)