“Eles também acolhem”: a homenagem da Caritas Arquidiocesana de SP no Dia Mundial
do Refugiado
São Paulo (RV) - Porque tiveram que deixar seus países depois de serem vítimas
de perseguições injustas ou por sofrerem graves violações de direitos humanos, os
refugiados sempre precisam de apoio e de uma acolhida atenciosa quando chegam ao Brasil.
Suas
demandas passam por muitos os níveis. Um lugar onde dormir as primeiras noites; um
atendimento médico de emergência; uma doação de roupas e itens de necessidade; aulas
de português; orientações jurídicas; indicações de trabalho; atividades culturais
para se familiarizar com o novo ambiente... todas são ações de acolhimento e integração
dos refugiados.
Entidades da sociedade civil têm realizado parte deste trabalho
no Brasil, construindo uma rede de proteção em parceria com o ACNUR (Alto Comissariado
das Nações Unidas para Refugiados). A Caritas Arquidiocesana de São Paulo é uma delas
e, há mais de trinta anos, mantém um trabalho de atenção aos estrangeiros em condição
de refúgio.
Estes são, hoje, cerca de 5500 no Brasil. São Paulo concentra mais
da metade desta população e segue sendo o destino também da maioria dos solicitantes
de refúgio recém chegados ao país.
Por volta de 1500 novas pessoas, entre homens,
mulheres e crianças, já foram cadastradas pela Caritas São Paulo somente desde o início
de 2014.
O aumento do número de chegadas de refugiados tem sido forte e progressivo.
Enquanto em 2010, a Caritas registrou 310 novos pedidos de refúgio, em 2013, o número
foi de 2899 solicitações. Esta realidade perdura em 2014, sobrecarregando os programas
de assistência, integração, proteção e saúde que ACNUR e Caritas desenvolvem com seus
diversos parceiros. Muitos deles têm procurado ampliar sua capacidade de atendimento.
É o caso do SESC, do SENAC, da Editora Moderna, do Instituto Cidade Aprendiz, do Museu
de Arte Sacra, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da EMDOC, da
Casa do Migrante, da Casa das Mulheres e UNIESP. Além disso, outras entidades têm
aderido à rede de proteção. CIEE, SP Leituras, Casa da Solidariedade, UNISANTOS, UNIABC,
Associação Compassiva, Cruz Vermelha Brasileira, Médicos Sem Fronteira e UNIFESP são
algumas delas.
Ainda que o número de parceiros e sua capacidade de atendimento
venham crescendo e seja verdadeiramente digno de destaque, um outro fenômeno muito
importante – embora quase silencioso – tem sido percebido pela Caritas São Paulo:
a solidariedade dos próprios refugiados no apoio aos recém chegados ao Brasil.
A
rotina diária da Caritas tem testemunhado gestos individuais belíssimos: refugiados
têm hospedado em suas próprias casas pessoas recém chegadas ao Brasil; têm assumido
a guarda de menores que chegam ao país totalmente desacompanhados de responsáveis;
têm deixado os seus trabalhos e afazeres diários para servirem como tradutores a solicitantes
de refúgio que sequer conhecem; têm organizado suas comunidades para arrecadar fundos
e itens de doação; têm acompanhado conterrâneos em hospitais, repartições públicas
e entrevistas de emprego; têm apoiado outros refugiados em grave estado de saúde e
até na morte. Muitos têm aceitado expor sua vida e história em palestras e vídeos
de sensibilização ou têm participado da realização de eventos e projetos destinados
a divulgar a questão do refúgio no Brasil.
Acolhem e oferecem o que têm a outros
refugiados que possam estar mais fragilizados que eles próprios, em ações repletas
de força e significado.
Por isso, neste DIA MUNDIAL DO REFUGIADO, a Caritas
São Paulo resolveu homenageá-los diante de seus familiares e dos parceiros da rede
de proteção.
Cerca de 40 refugiados, de mais de 10 nacionalidades, foram convidados
a participar da cerimônia, representando as muitas ações solidárias individuais que
têm sido tão importantes para muitos recém chegados. Além disso, familiares e amigos
de refugiados falecidos recentemente no Brasil serão homenageados pela equipe da Caritas.
Parceiros
da rede de proteção aos refugiados também estarão presentes à cerimônia de homenagem,
que será a primeira celebração do DIA MUNDIAL DO REFUGIADO.
Posteriormente,
nos dias 5 e 6 de julho, Caritas São Paulo, ACNUR e um grupo de refugiados promoverão
uma autêntica COPA DOS REFUGIADOS: um campeonato de futebol organizado por um grupo
de refugiados, que reunirá 16 seleções nacionais e contará com atividades paralelas,
como apresentações culturais. (Caritas - CM)