2014-06-18 20:25:28

Bispo auxiliar caldeu de Bagdá: "Tememos uma guerra civil"


Bagdá (RV) - "Tememos uma guerra civil. Se as diferentes partes internas agora contrapostas não entrarem num acordo, devemos esperar o pior. Outra guerra significa o fim, sobretudo para nós cristãos", disse o Bispo auxiliar caldeu de Bagdá, Dom Saad Syroub, numa entrevista à fundação 'Ajuda à Igreja que Sofre' sobre o conflito no Iraque.

Para o prelado o momento atual vivido no país é uma conseqüência do conflito iniciado em 2003 e da ineficiência do novo sistema democrático que não pode funcionar se não há uma verdadeira reconciliação. Por isso, mais do que uma intervenção militar externa, Dom Syroub espera uma pressão maior da comunidade internacional para que as facções internas entrem num acordo.

"Há uma semana o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL, também conhecido como Isis) invadiu Mossul e ainda não existe um projeto político comum. Somente um Iraque unido e reconciliado poderá reagir contra os perigos externos. Xiitas e sunitas devem entender que com a violência não se resolve nada", frisou o bispo.

O prelado chegou a Bagdá na manhã desta quarta-feira, depois de uma viagem ao exterior, interrompida para ficar junto de sua comunidade neste momento difícil. Segundo Dom Syroub, as pessoas na capital preferem não sair de casa e outros deixaram a cidade por causa do clima de insegurança. Alguns bairros situados no norte de Bagdá estão nas mãos dos milicianos de Isis que impedem os moradores de ir a outras áreas da cidade e impuseram o toque de recolher.

Há cinco dias o governo iraquiano bloqueou o acesso a vários sites e redes sociais, impedindo a comunicação com o exterior.

Os cristãos estão com medo, entristecidos e muitos pedem a certidão de Batismo para deixar a capital. "Depois de mais de dois mil anos em que superamos obstáculos e perseguições, hoje a presença cristã no Iraque diminuiu muito. Os nossos jovens abandonam o país e nós não podemos fazer nada. Por outro lado, como podemos convencê-los a permanecer? Como podemos protegê-los e garantir-lhes que o futuro será melhor?", concluiu Dom Syroub. (MJ)












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