Arquidiocese de Cartum: A magistratura reveja o caso Meriam
“Imploramos a magistratura e as autoridades competentes a rever o caso e a pô-lo termo
de forma racional” – este o apelo lançado pela arquidiocese de Cartum, a propósito
da questão de Meriam Ibrahim, a mulher detida e condenada sob a acusação de apostasia
por se ter casado com um cristão.
“Segundo as autoridades competentes – lê-se
numa nota dos bispos enviada à organização “Ajuda à Igreja que Sofre” – Meriam será
libertada só se renunciar à sua fé cristã e ao marido, Daniel”.
Actualmente
Meriam encontra-se detida e acorrentada na prisão de Omdurman, juntamente com a filhinha
nascida na cadeia a 28 de Maio passado e com um outro filho de pouco mais de dois
anos. “O seu caso – continua a nota episcopal – será julgado em apelo, mas ninguém
sabe ainda qual será a data”.
Dirigindo-se às autoridades nacionais, a Arquidiocese
de Cartum recorda que a Constituição do país garante expressamente no artigo 38 a
liberdade religiosa e de culto e proíbe a imposição de qualquer religião a quem quer
que seja.
“Exprimimos profunda tristeza e desilusão pelo modo como o caso foi
gerido no tribunal: sem nenhum respeito pela fé religiosa de Meriam – sublinham os
prelados afirmando ainda que o ponto central de toda esta questão é que Meriam não
abandonou o Islão para adoptar o cristianismo, pois que nunca foi de religião muçulmana”.
Com efeito, o pai de Meriam, era muçulmano, mas abandonou a família quando
ela tinha apenas cinco anos de idade. Ela cresceu, portanto, com a mãe que é cristã
ortodoxa, tendo-se depois tornado católica pouco tempo antes de conhecer o marido,
Daniel Wani, em 2011.
A nota da Arquidiocese conclui-se com um forte apelo:
“À luz das informações fornecidas e para honrar a firme vontade de Meriam de não abandonar
a própria fé cristã, imploramos a magistratura e as autoridades competentes no sentido
de reverem o caso e de pôr termo de forma racional a isso”.