Papa encontra "Misericórdias" e "Fratres": "Só falar não resolve nada. É necessário
agir!"
Cidade do Vaticano
(RV) - O Papa Francisco encontrou no final da manhã deste sábado, na Praça São
Pedro, cerca de 30 mil voluntários de toda a Itália do Movimento das Misericórdias
e dos doadores de sangue Fratres. O encontro realiza-se 20 anos após o encontro com
o então Papa João Paulo II, realizado na Sala Paulo VI. O Movimento das Misericórdias
é um dos mais antigos movimentos de voluntariado italiano. Tendo nascido em Florença
em 1244, neste ano festeja seus 770 anos.
O movimento das Misericórdias reúne
689 Confraternidades, tem 700 sedes em toda a Itália e conta com 670 mil voluntários.
Dedica-se aos serviços de emergência médica e transporte de doentes, doações de sangue
e órgãos, serviço social e assistência à deficientes e idosos, à proteção civil e
intervenções internacionais. As Confraternidades estão reunidas em uma Confederação
nacional. Já o grupo de doadores Fratres reúne mais de 133 mil doadores de sangue
ativos.
Colorindo a Praça São Pedro com as cores amarelo, azul, vermelho e
branco - as cores dos 'uniformes' dos movimentos - os participantes começaram a entrar
na Praça às 8 horas para o encontro que teve início às 9 horas, com cantos, orações
e testemunhos. Pouco depois do meio-dia Francisco entrou na Praça para fazer o tradicional
giro no Jeep papal branco, saudando a multidão e beijando crianças. O Movimento foi
apresentado ao Pontífice pelo Presidente Nacional das Misericórdias, Roberto Trucchi,
pelo Presidente Nacional Fratres, Luigi Cardini e pelo “Corretor’ Nacional das Misericórdia,
o Bispo de Prado, Dom Franco Agostinelli.
O Papa saudou todos os presentes
e seus familiares, agradecendo as palavras que introduziram o encontro e observou
que ““As misericórdias”, antiga expressão do laicato católico e bem radicadas no território
italiano estão comprometidas em testemunhar o Evangelho da caridade entre os doentes,
os idosos, os deficientes, os menores, os imigrantes e os pobres”, um serviço que
toma adquire um sentido e forma da palavra “misericórdia”, palavra do latim que significa
“dar o coração aos míseros”. “Foi o que fez Jesus – disse -, escancarou o seu coração
para a miséria do homem”:
“No exemplo do nosso Mestre, também nós somos
chamados a nos fazer próximos, a partilhar a condição das pessoas que encontramos.
É necessário que as nossas palavras, os nossos gestos, as nossas atitudes expressem
a solidariedade, a vontade de não permanecer estranhos à dor dos outros e isto com
calor fraterno e sem cair em alguma forma de paternalismo”.
Após o Pontífice
advertiu que diante de tantas informações e estatísticas à disposição sobre a pobreza
e as tribulações humanas, “existe o risco de sermos espectadores muito informados
e desencarnados desta realidade, ou mesmo de fazer belos discursos que se concluem
com soluções verbais, separadas dos problemas reais”:
"Muitas palavras,
muitas palavras, muitas palavras, mas não se faz nada! Este é um risco. Não é o vosso,
vocês trabalham bem! Mas existe este risco. Quando eu escuto algumas conversas entre
pessoas que conhecem as estatísticas: "Que barbaridade, Padre. Que barbaridade!".
Mas você, o que faz por esta barbaridade? "Nada, falo!". E isto não resolve nada.
Palavras já escutamos muitas. O que serve é o agir, o vosso agir, o testemunho cristão,
ir até os sofredores, aproximar-se como Jesus fez".
"Somos chamados a deixarmo-nos
envolver pelas preocupações humanas que cada dia nos interpelam", observou o Santo
Padre:
“Imitemos Jesus: Ele vai pelo estrada e não planejouum encontro com
os pobres, nem os doentes, nem os inválidos que cruza pelo caminho; mas com o primeiro
que encontra se detém, tornando presença que socorre, sinal da proximidade de Deus
que é bondade, providência e amor”.
Francisco disse que estas associações
se inspiram nas obras de misericórdia temporal, e "me agrada chamar a atenção para
elas": "dar de comer aos famintos; dar de beber aos sedentos; vestir os nús; alojar
os peregrinos; visitar os enfermos; visitar os encarcerados; enterrar os mortos".
"Vos encorajo a seguir em frente com vossa ação e a modelá-la às de Cristo". (JE)