Missão Continental: a Paróquia – comunidade de discípulos missionários
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, em nosso quadro "O Brasil na Missão Continental"
temos nestes dias concentrado nossa atenção na paróquia e temas afins. De fato, na
edição passada nos ocupamos das pequenas comunidades eclesiais, e o temos feito na
esteira da última Assembleia Geral da CNBB, realizada de 30 de abril a 9 de maio,
cujo tema "Comunidade de comunidades: uma nova paróquia" esteve mais uma vez no centro
de seus trabalhos.
Vale lembrar que um dos compromissos centrais assumidos
pela Conferência de Aparecida foi despertar a consciência discipular dos cristãos,
resgatar a dimensão missionária da Igreja e convocar para uma Missão em toda América
Latina e Caribe, daí, a "Missão Continental". Essa tarefa pastoral almeja que todo
batizado recupere a sua consciência de que nós todos, como discípulos de Jesus, devemos
ser também seus missionários.
Nesse sentido, Aparecida evidencia a necessidade
de uma conversão pastoral, de se passar de uma pastoral de conservação a uma pastoral
eminentemente missionária.
A esse propósito, trazemos hoje o que nos diz o
Documento de Aparecida nos números 201 a 204, destacando, entre outros, o imprescindível
papel dos párocos e dos sacerdotes, bem como de todos os fiéis leigos qual co-responsáveis
na formação dos discípulos e na missão.
201. A renovação da paróquia
exige atitudes novas dos párocos e dos sacerdotes que estão a serviço dela. A primeira
exigência é que o pároco seja autêntico discípulo de Jesus Cristo, porque só um sacerdote
apaixonado pelo Senhor pode renovar uma paróquia. Mas, ao mesmo tempo, deve ser ardoroso
missionário que vive o constante desejo de buscar os afastados e não se contenta com
a simples administração.
202. Mas, sem dúvida, não basta a entrega generosa
do sacerdote e das comunidades de religiosos. Requer-se que todos os leigos se sintam
co-responsáveis na formação dos discípulos e na missão. Isso supõe que os párocos
sejam promotores e animadores da diversidade missionária e que dediquem tempo generosamente
ao sacramento da reconciliação. Uma paróquia renovada multiplica as pessoas que realizam
serviços e acrescenta os ministérios. Igualmente, nesse campo, se requer imaginação
para encontrar resposta aos muitos e sempre mutáveis desafios que a realidade coloca,
exigindo novos serviços e ministérios. A integração de todos eles na unidade de um
único projeto evangelizador é essencial para assegurar uma comunhão missionária.
203.
Uma paróquia, comunidade de discípulos missionários, requer organismos que superem
qualquer tipo de burocracia. Os Conselhos Pastorais Paroquiais terão de estar formados
por discípulos missionários constantemente preocupados em chegar a todos. O Conselho
de Assuntos Econômicos junto a toda a comunidade paroquial, trabalhará para obter
os recursos necessários, de maneira que a missão avance e se faça realidade em todos
os ambientes. Estes e todos os organismos precisam estar animados por uma espiritualidade
de comunhão missionária: “Sem este caminho espiritual, de pouco serviriam os instrumentos
externos da comunhão. Mais do que modos de expressão e crescimento, esses instrumentos
se tornariam meios sem alma, máscaras de comunhão”.
204. Dentro do território
paroquial, a família cristã é a primeira e mais básica comunidade eclesial. Nela se
vivem e se transmitem os valores fundamentais da vida cristã. Ela se chama “Igreja
Doméstica”. Aí, os pais desempenham o papel de primeiros transmissores da fé a seus
filhos, ensinando-lhes através do exemplo e da palavra, a serem verdadeiros discípulos
missionários. Ao mesmo tempo, quando essa experiência de discipulado missionário é
autêntica, “uma família se faz evangelizadora de muitas outras famílias e do ambiente
em que ela vive”. Isso age na vida diária “dentro e através dos atos, das dificuldades,
dos acontecimentos da existência de cada dia”. O Espírito, que faz tudo novo, atua
inclusive dentro de situações irregulares, nas quais se realiza um processo de transmissão
da fé, mas temos de reconhecer que, nas atuais circunstâncias, às vezes esse processo
se encontra com muitas dificuldades. Não se propõe que a Paróquia chegue só a sujeitos
afastados, mas à vida de todas as famílias, para fortalecer nelas a dimensão missionária.
Amigo
ouvinte, por hoje vamos ficando por aqui. Semana que vem tem mais, se Deus quiser!
(RL)