Bispos do Japão: faremos de tudo para tornar possível uma visita do Papa ao país
Cidade
do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu em audiência sexta-feira passada,
no Vaticano, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, o qual o convidou a visitar
a Península. O arcebispo de Tóquio e presidente da Conferência do País do Sol Nascente,
Dom Peter Takeo Okada, comentou o encontro e o convite feito ao Pontífice.
O
Japão tem em alta consideração as relações diplomáticas com o Vaticano, e esse convite
pode ser lido como um exemplo do quanto Tóquio valoriza esta relação.
Em outubro
de 2013 a Conferência episcopal nipônica convidou o Papa numa carta em que pedia a
honra de sua presença no Japão. O presidente dos bispos nipônicos fez alguns breves
comentários para explicar aos de dentro e aos de fora da Igreja o desejo deles de
receber a visita do Santo Padre.
Em primeiro lugar, observa o arcebispo de
Tóquio, gostaríamos muito de ter a visita do Papa à área atingida pelo desastre do
grande terremoto que sacudiu o leste do Japão, e uma oração com a população local
daquela área. Desejamos do fundo do coração que o Papa ouça a voz daqueles que sofreram
com o acidente verificado na Central nuclear Daiichi de Fukushima, provocado pelo
terremoto.
"Partindo da nossa convicção de que, em última análise, o desastre
tenha se verificado por causa da arrogância humana, lançamos uma campanha pela abolição
das centrais nucleares. Esperamos que Francisco abençoe nossos esforços e estenda
este apelo ao mundo inteiro", auspicia Dom Okada.
Em segundo lugar, o prelado
aponta a grande dor do povo japonês pelo que fez no passado, eventos que levaram à
II Guerra mundial: por esse motivo – explica – promulgamos a Constituição do Japão,
conhecida como "a Constituição da paz", segundo a qual o país renuncia a guerra para
sempre.
Desde então, frisa, temos sido uma nação que rejeita combater guerras,
e contribuímos para a paz mundial. Temos certeza de que essa atitude será aprovada
pelo Papa. Ademais, como fez 33 anos atrás São João Paulo II durante a visita a Hiroshima
e Nagasaki, esperamos que o Papa faça um apelo ao mundo a fim de que a tragédia da
guerra jamais se repita.
O arcebispo de Tóquio indica, ainda, a beatificação
de Ukon Takyama, um senhor feudal cristão, que a Igreja Católica japonesa espera ver
Beato no futuro próximo. Ficaríamos repletos de alegria se Francisco pudesse presidir
à cerimônia aqui no Japão. Além disso, em março de 2015 festejaremos os 150 anos da
redescoberta dos cristãos anônimos, que mantiveram sua fé apesar das terríveis perseguições.
Seríamos
gratos ao Papa se nos encorajasse a aprofundar a nossa fé e a comunicá-la o mais possível
aos outros. Uma eventual visita de Francisco seria também uma ocasião para promover
e melhorar o diálogo inter-religioso no Japão.
O Papa Francisco fará uma visita
à Coréia do Sul em agosto e outra a Sri Lanka e Filipinas no próximo ano, ressalta
o arcebispo de Tóquio. Se realizasse uma visita também ao Japão seria um encorajamento
especial e uma grande oportunidade para todos aqueles que buscam a paz.
Seria
uma ocasião especial também para os pobres e para aqueles que sofrem, para se sentirem
mais próximos do amor de Deus, conclui Dom Okada, acrescentando, "nós, bispos japoneses,
rezaremos e faremos de tudo para tornar possível uma visita do Papa ao Japão". (RL)