“Cartão vermelho” dos bispos brasileiros para a organização da Copa
Brasília (RV) – Começa a chegar às dioceses brasileiras o “cartão vermelho”
apresentado pela Pastoral do turismo da CNBB que reprova a organização da Copa do
Mundo – que começa na próxima quinta-feira. O folder elenca uma série de oito pontos
que reúnem o pensamento da Igreja brasileira no contexto da competição e que prentende
“contribuir para o debate público”.
A Igreja exprime as suas preocupações
sobretudo com a exclusão dos cidadãos no que diz respeito ao direito à informação
e à participação popular nas discussões para decidir sobre as obras realizadas para
a Copa. As previsões oficiais do governo brasileiro indicam um gasto público de aproximadamente
25 bilhões de reais.
A Pastoral do turismo destaca ainda os episódios de remoções
forçadas de milhares de famílias para a construção de novos estádios e toda a infraestrutura
envolvida. O material evidencia também as “violações dos direitos humanos nas comunidades
dos bairros populares e periféricos” num momento no qual se percebe um “crescimento
das desigualdades urbanas e do degrado ambiental”.
Os bispos recordam ainda
a falta de respeito sistemático das leis do meio ambiente, do trabalho e das políticas
sociais quando citam “uma inversão nas prioridades do uso das verbas públicas que
deveriam ser canalizadas para a saúde, educação, meios de transporte e segurança”
da população.
Nos “cartões vermelhos” é contestada também a suposta apropriação
do esporte pelas grandes corporações e sociedades privadas às quais o governo teria
“delegado responsabilidades públicas”.
Além disso, os bispos falam de uma
“institucionalização de exceção” que teria sido criada somente para a Copa por meio
de “decretos, medidas provisórias, infinitas portarias e resoluções”.
Os bispos
concluem as observações denunciando as remoções forçadas dos espaços sagrados para
os católicos e também para outras confissões religiosas de matriz africana, muito
difusas no território nacional. (RB)