Cidade do Vaticano (RV) – A casa de Francisco,
ou seja, o Vaticano, será neste fim de semana a “casa da paz”, e centro da paz para
o Oriente Médio. Sim, o olhar do mundo se dirigirá mais uma vez para os jardins vaticanos
onde no final da tarde deste domingo, os Presidentes de Israel e da Palestina, respectivamente,
Shimon Peres e Mahmoud Abbas, junto com o Papa Francisco e o Patriarca Ecumênico Bartolomeu
I, vão rezar juntos pela paz naquela região martirizada do mundo. A presença do sucessor
do Apóstolo André ao lado do sucessor do Apóstolo Pedro no encontro mostra como as
duas “Igrejas irmãs” pretendem continuar o caminho iniciado em Jerusalém.
Ambos
os presidentes e também Bartolomeu I foram convidados para este momento de oração
durante a recente peregrinação de Francisco à Terra Santa. O encontro, chamado de
“Invocação para a paz” nasceu da intuição de Francisco de que, mais do que nunca,
devemos rezar pela paz na Terra Santa, uma terra que viu o Príncipe da Paz nascer,
crescer, morrer e ressuscitar, mas que ainda não encontrou a serenidade de que tanto
necessita e merece. Será um momento para pedir o dom da paz.
Como revelado
pelo próprio Papa Francisco aos jornalistas no vôo de volta a Roma, vindo de Tel Aviv,
o desejo era de que o encontro de oração fosse realizado na Terra Santa. Problemas
políticos e logísticos impediram tal realização, levando o Santo Padre a fazer o convite
para que o mesmo se realizasse no Vaticano.
Esta convocação do Papa Francisco
diz respeito a todos nós, que vemos na Terra Santa, a terra que abrigou o Filho do
Homem, e da qual brotou a nossa fé. É uma oportunidade para despertar a escuta recíproca,
de modo a encontrar uma maneira de “desarmar mental e emocionalmente”, pessoas que
viveram uma vida baseada em conflitos e ódios. Sim, desarmamento de medos, de obsessões,
de preconceitos, de arrogâncias, de fanatismos, como disse à Rádio Vaticano, Sergio
Paronetto, vice-presidente italiano da Pax Christi.
O evento histórico que
viveremos neste final de semana nos seculares jardins vaticanos – ilha verde no coração
de Roma – certamente irá despertar nas pessoas de boa vontade um sentimento maior
de pertença à família humana, sacudindo, quem sabe, a pessoa que muitas vezes vive
dentro de armaduras, enclausurada em certezas e convicções que nem sempre correspondem
à realidade. E tudo isso em uma data excepcional, a Solenidade de Pentecostes: é a
paz que pode, através de um encontro, ser mais forte do que os muros que erguemos
nos nossos relacionamentos, e essa paz é uma pessoa, como Francisco vem repetindo
constantemente, o Espírito Santo.
O Santo Padre nos dias passados, durante
a Audiência Geral realizada na Praça São Pedro pediu para que todos rezem pelo encontro
de oração, para que Deus dê o dom da paz à Terra Santa e a todo o Oriente Médio. “A
paz se faz artesanalmente! – disse. Não há indústrias de paz, não. Faz-se a cada dia,
artesanalmente, e também com o coração aberto para que venha o dom de Deus”, acrescentando
que os filhos daquela Terra que há muito tempo convivem com a guerra têm o direito
de conhecer finalmente dias de paz!
Durante a sua peregrinação à Terra que
todos nós chamamos de Santa, o Papa animara as autoridades palestinas, israelenses
e jordanianas a continuarem com os esforços para aliviar as tensões na área do Oriente
Médio, sobretudo na martirizada Síria, bem como “a continuar a busca de uma solução
equitativa para o conflito israelense-palestino”. O convite para rezar pela paz, feito
a esses dois representantes de dois povos há muito tempo em conflito, é também estendido
a todos nós, para que não os deixemos sozinhos, para que o mundo se una em um momento
de invocação e fé para que o Senhor dê a paz àquela Terra abençoada. Sim, será um
encontro de oração e não de uma mediação ou de uma busca de solução. Será oração e
depois todos voltam para casa. “Rezar juntos, sem entrar em discussões” precisou Francisco....
No
seu convite para rezarem juntos – cristãos, judeus e muçulmanos - o Papa cria a oportunidade
para inspirar decisões valentes em favor da paz e colocar um fim no conflito no Oriente
Médio; o Dia da “Invocação” pode se tornar um símbolo e uma fonte de inspiração para
aqueles que realmente querem a paz nesta terra amada; uma terra que poderá ser sinal
de unidade e crescimento para todo o mundo. (Silvonei José)