Maya Angelou, falecida nos Estados Unidos, tinha muito amor à humanidade - Carlota
de Barros
“Escuta-te
a ti mesmo e nessa quietude poderás ouvir a voz de Deus” – Esta foi a última
mensagem tweet enviada por Maya Angelou, americana negra, falecida no passado dia
28 de Maio, nos Estados Unidos. Era poetiza, romancista, dramaturga, actriz e activista
dos direitos humanos. Uma mulher que deixa ao mundo um legado importante.
A
poetiza, Carlota de Barros que leu algumas das suas obras e reagiu à sua morte pondo
no facebook algumas passagens do seu panesamento, fala-nos dela na rubrica "África.Vozes
Femininas" ** Maya Angelou faleceu na passada quarta-feira, na sua casa em
Winston Salem, na Carolina do Norte, Estados Unidos. Nascera 86 anos antes no Missouri.
Deixa, entre outros, diversos livros de memória que dão para compreender o seu percurso
numa sociedade marcada pela segregação, violência, racismo.
Teve uma infância
muito difícil, mas acabou por singrar na vida graças à força do seu talento e a coragem
das suas ideias, escreve o jornal italiano Republica.it. O primeiro desses livros
de memória é “O Cântico do Silencio” publicado em 1969. Em 1972 escreveu o cenário
do filme “Geórgia”, o primeiro filme saído da caneta duma mulher americana negra,
e que lhe valeu uma nomeação para o prémio Pulitzer. Foi também a primeira pessoa
negra a conduzir um meio de transporte público nos Estados Unidos, um eléctrico…
São
estes apenas alguns exemplos das numerosas actividades que Maya Angelou desenvolveu
ao longo da sua vida, algumas certamente apenas por questão de sobrevivência quando
ainda muito jovem. Embora muitas das suas obras literárias sejam de cunho biográfico,
ultrapassam segundo o jornal “La Repubblica” a experiência pessoal para abrangerem
temas mais amplos como o racismo, a identidade, a família, a condição da mulher… Além
disso, as suas memórias são muito francas e expressivas, escreve ainda o jornal “La
Repubblica”, ao ponto de ela ter sido consagrada seja como estrela da literatura,
seja como porta-voz das problemáticas da população negra e de modo particular das
mulheres negras.
Ela conheceu, Malcolm X com o qual colaborou e Martin Luther
King, seu grande amigo. Uma das suas poesias foi declamada na cerimónia de tomada
de pessoa de Bill Clinton como Presidente dos Estados Unidos. Maya Angelou viveu no
Egipto, no Ghana, e acabou por se casar, em 1952, com o grego Anastasios Angelopulus,
da qual adoptará o nome de arte Maya Angelous, uma mistura do nome com que era designada
quando pequena, Maya, e duma abreviação do apelido do marido. Mas na realidade o seu
verdadeiro nome era “Marguerite Ann Johnson”.
Muitas as reacções à morte
de Maya Angelou, também no face-book. Uma delas é da poetiza cabo-verdiana e ex-professora,
Carlota de Barros, residente em Lisboa, à qual perguntamos como teve contacto com
essa artista multifacetada…