O horror do trabalho escravo e do tráfico de seres humanos – o Papa na sua Mensagem
à OIT
O Papa Francisco
enviou uma Mensagem à 103ª Conferência Internacional do Trabalho a decorrer na ONU
em Genebra, na Suíça, de 28 de maio a 12 de junho subordinada ao tema "Construir um
futuro com trabalho decente". No início da sua mensagem o Santo Padre afirma que: "No
início da criação, Deus criou o homem guardião da sua obra, encarregando-o de cultivá-la
e de protegê-la. O trabalho humano é parte da criação e continua o trabalho criativo
de Deus. Esta verdade leva-nos a considerar o trabalho quer como um dom quer como
um dever. Por isso, o trabalho não é meramente uma mercadoria, mas possui dignidade
e valor próprios." Desta forma, o Papa Francisco manifesta seu apreço pela contribuição
da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em defesa da dignidade do trabalho
humano no contexto do desenvolvimento social e económico mediante a discussão e a
cooperação entre governos, trabalhadores e empregadores. "Tais esforços – ressalta
o Santo Padre – estão ao serviço do bem comum da família humana e promovem a dignidade
dos trabalhadores." Recordando o momento crucial na história económica e social
em que esta Conferência se realiza, o Santo Padre destaca que "o desemprego está tragicamente
expandindo as fronteiras da pobreza", situação particularmente desconfortante para
os jovens desempregados, que se podem sentir "alienados da sociedade". Apontando
outro grave problema, ligado a este do desemprego, o Papa Francisco aponta o da migração
em massa: o enorme número de homens e mulheres obrigados a buscar trabalho longe da
sua pátria é, por si só, motivo de preocupação. "Apesar da esperança deles por um
futuro melhor, frequentemente encontram incompreensão e exclusão", sem falar em experiências
de tragédias e desastres. O Papa Francisco na sua mensagem denuncia, assim, mais
uma vez, que não conseguindo muitas vezes encontrar um trabalho digno, estes homens
e mulheres tornam-se vítimas de uma certa "globalização da indiferença", acrescentando
que tal situação os expõe a ulteriores perigos, como o horror do tráfico de seres
humanos, o trabalho forçado e a redução ao estado de escravidão. "É inaceitável
que, no nosso mundo, o trabalho feito por escravos se tenha tornado moeda corrente",
denuncia o Santo Padre. "Isto não pode continuar! O tráfico de seres humanos é uma
chaga, um crime contra a humanidade inteira." O Papa afirma que é este o momento
para unir forças e de trabalhar juntos para libertar as vítimas do tráfico de seres
humanos. Isto requer um renovado compromisso em favor da dignidade de toda pessoa;
"uma mais determinada realização dos padrões internacionais do trabalho; a planificação
de um desenvolvimento focalizado na pessoa humana qual protagonista central e principal
beneficiária; uma avaliação das responsabilidades das sociedades multinacionais nos
países onde atuam, incluindo os setores da gestão do lucro e do investimento" – sublinha
o Papa na sua mensagem. O Papa conclui afirmando que a doutrina social da Igreja
Católica apoia as iniciativas da OIT, que pretendam promover a dignidade da pessoa
humana e a nobreza do trabalho, encorajando-os nos seus esforços para enfrentar os
desafios do mundo atual, permanecendo fiéis a tais nobres objetivos. (RS)