2014-05-28 20:39:52

Dom Hélder Câmara: a santidade e o compromisso com os direitos humanos


Recife (RV) – Carta solicitando autorização para início do processo de canonização de Dom Hélder Câmara está a caminho de Roma. Basta o aval da CNBB para ser enviada à Itália. Nesta semana, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, assinou o documento que deve ser encaminhado para a Congregação da Causa dos Santos. É o primeiro passo para reconhecer o ex-arcebispo emérito da Cúria Metropolitana como santo.

No documento, são explicados os motivos que baseiam o pedido de santificação e a biografia do religioso. Na expectativa de uma resposta afirmativa, será constituída uma comissão encarregada de pesquisar e analisar escritos e documentos que justifiquem o pedido da canonização. O processo completo até a santificação é longo, podendo levar anos para chegar até a conclusão.

O religioso, que era do Ceará, faleceu aos 90 anos em 1999 e teve forte atuação contra a ditadura militar de 1964. Tornou-se internacionalmente conhecido pela dedicação aos pobres e oprimidos. Ficou conhecido como “Dom da Paz” e “Pastor da Liberdade” por ser um defensor incansável dos direitos humanos, combatendo injustiças e denunciando a prática de tortura contra presos políticos no Brasil.

Indicado quatro vezes ao Nobel da Paz, era seguidor da Teologia da Libertação. Na sua gestão à frente da Arquidiocese, criou a Comissão de Justiça e Paz (CJP), em março de 1968. Sempre lutou contra a opressão e as multinacionais por monopolizarem a economia mundial, gerando milhões de pessoas em condições miseráveis de vida.
Dom Hélder acolhia o próximo como um irmão, vendo nele a face de Jesus. Se pudesse, abraçaria o mundo. Costumava dizer que “se dou pão aos pobres, me chamam de santo. Mas se mostro porque os pobres não têm pão, me chamam de comunista e subversivo”. É uma das figuras mais iluminadas do Concílio Vaticano II. Foi inspirando-se nele, que Papa João declarou: “a Igreja Católica é Igreja de todos, mas principalmente dos pobres”.
Sua obra permanece viva no Centro de Documentação em Recife, que leva o seu nome, e reúne 22 livros publicados em 15 línguas, além de mais de 7 mil reflexões e centenas de cartas escritas durante os 67 anos de sacerdócio de Dom Hélder. Em 1950, fundou a CNBB e, em 1955, ajudou na criação do CELAM. Em 1970, Sunday Times o definiu como “o homem mais influente da América Latina depois de Fidel Castro”. (AC)







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