No Memorial do Holocausto, Papa Francisco evoca a tragédia do homem desfigurado que
pretende ser deus. Senhor, misericórdia!
Especialmente
intenso e comovente foi a visita feita ao Memorial de Yad Vashem, em que se recordam
todas as vítimas do Holocausto dos Judeus. Acompanhado pelo Presidente Shimon Peres
e pelo Primeiro ministro Netanyau, o Santo Padre participou numa cerimónia invocativa
da tragédia que constituiu o extermínio do milhões de judeus na II Grande Guerra,
incluindo algumas leituras, cantos religiosos e orações. Nas sentidas palavras
que pronunciou, o Papa partiu da pergunta que o Senhor dirige a Adão, no livro do
Génesis: “Onde estás?”.
Onde estás, ó homem, onde foste parar? Neste
memorial do Holocausto, ouvimos ressoar esta pergunta, onde está toda a dor do Pai
que perdeu o filho. Este grito – onde estás? – ressoa aqui perante a tragédia incomensurável
do Holocausto, como uma voz que se perde num abismo! Homem, quem
és? Não te reconheço? Em quem te tornaste? De que horrores foste capaz? … Quem te
contagiou a presunção de te apoderares do bem e do mal? Quem te convenceu que eras
deus? … Da terra levanta-se um gemido submisso: Tende piedade de
nós, Senhor! … Escutai a nossa oração! Salvai-nos pela vossa misericórdia! Salvai-nos
desta monstruosidade! … Nunca mais, nunca mais! Adão, onde estás?
Eis-nos aqui, Senhor, com a vergonha daquilo que o homem, criado à vossa imagem e
semelhança, foi capaz de fazer. Lembrai-Vos de nós, na vossa misericórdia?