Encontro e abraço entre o Papa Francisco e o Patriarca Bartolomeu
Jerusalém (RV) – O último encontro e o mais importante deste segundo dia da
Viagem Apostólica do Papa Francisco à Terra Santa foi a Celebração Ecumênica, no Santo
Sepulcro, em Jerusalém.
Participaram da celebração, entre outros, os Ordinários
Católicos da Terra Santa, os Arcebispos copta, siríaco, etiópico e os Bispos anglicano
e luterano. O Papa Francisco e o Patriarca Bartolomeu foram acolhidos pelos três Superiores
das Comunidades Greco-ortodoxa, Franciscana e Armênia Apostólica.
A seguir,
o Santo Padre e o Patriarca Ecumênico veneraram a “Pedra da Unção”. Após o discurso
do Patriarca Bartolomeu, o Papa Francisco tomou a palavra, dizendo inicialmente:
“Nesta
Basílica, para a qual todo o cristão olha com profunda veneração, chega ao seu ápice
a peregrinação que estou realizando, juntamente com o meu amado irmão em Cristo, Sua
Santidade Bartolomeu. Nós a realizamos seguindo os passos dos nossos venerados predecessores,
o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras, que, com coragem e docilidade ao Espírito
Santo, permitiram, há 50 anos, na Cidade Santa de Jerusalém, o histórico encontro
entre o Bispo de Roma e o Patriarca de Constantinopla”.
Após ter saudado
os presentes, o Papa disse “ser uma graça extraordinária estar reunido com eles em
oração. O Túmulo vazio é o lugar de onde partiu o anúncio da Ressurreição: “Não tenhais
medo! O crucificado não está aqui, mas ressuscitou dos mortos”. Este anúncio, testemunhado
por aqueles a quem o Ressuscitado apareceu, é o coração da mensagem cristã, transmitida
fielmente de geração em geração, desde o início. Eis o fundamento da nossa fé, que
nos unge, disse o Bispo de Roma, graças à qual professamos conjuntamente Jesus Cristo,
Filho unigênito do Pai e nosso único Senhor.
Acolhamos a graça especial deste
momento, exortou o Papa. Detenhamo-nos em devoto recolhimento junto do sepulcro vazio,
para redescobrir a grandeza da nossa vocação cristã: somos homens e mulheres de ressurreição,
não de morte. Aprendamos, a partir deste lugar, a viver a nossa vida, as angústias
das nossas Igrejas e do mundo inteiro, à luz da manhã pascal. O Bom Pastor carregou
sobre si toda ferida, todo sofrimento, toda tribulação.
As suas chagas abertas
são sinais da sua misericórdia. Por isso, não nos deixemos roubar o fundamento da
nossa esperança! Não privemos o mundo do feliz anúncio da Ressurreição! E não sejamos
surdos ao forte apelo à unidade que ressoa, precisamente deste lugar, pelas palavras
do Ressuscitado que nos chama a todos como «os meus irmãos». E o Pontífice ponderou:
“Claro, não podemos negar as divisões ainda existentes entre nós, discípulos
de Jesus: este lugar sagrado nos faz sentir este drama com maior sofrimento. No entanto,
à distância de 50 anos do abraço daqueles dois veneráveis Padres, reconhecemos, com
gratidão e renovada admiração, que foi possível, por impulso do Espírito Santo, realizar
passos verdadeiramente importantes rumo à unidade. Porém, estamos cientes de que ainda
devemos percorrer muita estrada até alcançar a plenitude da Comunhão, expressa na
partilha da mesma mesa Eucarística, que ardentemente desejamos”.
Porém,
afirmou o Papa, as divergências não devem nos assustar e paralisar o nosso caminho.
Devemos acreditar que, como a pedra do sepulcro foi removida, assim também poderão
ser removidos os obstáculos que ainda impedem a nossa plena Comunhão. Esta será uma
graça de ressurreição, que, desde já, podemos experimentar. Todas as vezes que temos
a coragem de dar e receber o perdão, uns aos outros, fazemos experiência da ressurreição!
Todas as vezes que superamos os antigos preconceitos e promovemos novas relações fraternas,
recordou o Bispo de Roma, confessamos que Cristo ressuscitou verdadeiramente! Todas
as vezes que desejamos a unidade da Igreja, brilha a luz da manhã da Páscoa! E o Papa
exortou:
“Desejo renovar o desejo, expresso pelos meus Predecessores, de
manter diálogo com todos os irmãos em Cristo, para encontrar uma forma de exercer
o ministério próprio do Bispo de Roma, que, em conformidade com a sua missão, possa
se abrir a uma nova situação e ser, no contexto atual, um serviço de amor e de comunhão
reconhecido por todos”.
Enquanto, como peregrinos, fazemos uma pausa nestes
Lugares Santos, disse ainda o Santo Padre, o nosso pensamento espiritual se dirige
a toda a região do Oriente Médio, tantas vezes marcada por violências e conflitos.
Não devemos esquecer, em nossas orações, os tantos homens e mulheres que sofrem, em
várias partes do mundo, por causa da guerra, da pobreza, da fome; bem como os numerosos
cristãos, perseguidos por causa da sua fé no Senhor Ressuscitado.
Quando cristãos
de diferentes confissões, acrescentou o Pontífice, sofrem juntos, um ao lado do outro,
prestando ajuda mútua com caridade fraterna. Isto é uma obra concreta do ecumenismo
do sofrimento, do ecumenismo de sangue.
O Papa Francisco concluiu seu pronunciamento,
admoestando o amado irmão Patriarca Ecumênico e todos os queridos irmãos, a colocar
de lado as hesitações que herdamos do passado e abrir o nosso coração à ação do Espírito
Santo, Espírito de Amor e de Verdade, para juntos caminhar rumo ao dia abençoado da
tão desejada plena Comunhão. (MT)