Discurso do Papa no Encontro com Autoridades Palestinas - Belém, 25.052014
Senhor Presidente, Queridos amigos!
Agradeço-lhe, Senhor Presidente Mahmoud
Abbas, as palavras de boas-vindas e dirijo a minha cordial saudação aos representantes
do Governo e a todo o povo palestinense. Estou grato ao Senhor por estar hoje convosco
neste lugar, onde nasceu Jesus, o Príncipe da Paz, e agradeço-vos pela vossa calorosa
recepção. Há decénios que o Médio Oriente vive as consequências dramáticas do prolongamento
de um conflito que produziu tantas feridas difíceis de curar e, mesmo quando, felizmente,
não se alastra a violência, a incerteza da situação e a falta de entendimento entre
as partes produzem insegurança, negação de direitos, isolamento e saída de comunidades
inteiras, divisões, carências e sofrimentos de todo o tipo. Ao manifestar a minha
solidariedade a quantos sofrem em medida maior as consequências deste conflito, queria
do fundo do coração dizer que é hora de pôr fim a esta situação, que se torna sempre
mais inaceitável, e isto para bem de todos. Por isso redobrem-se os esforços e as
iniciativas destinadas a criar as condições para uma paz estável, baseada na justiça,
no reconhecimento dos direitos de cada um e na segurança mútua. Para todos, chegou
o momento de terem a coragem da generosidade e da criatividade ao serviço do bem,
a coragem da paz, que assenta sobre o reconhecimento, por parte de todos, do direito
que têm dois Estados de existir e gozar de paz e segurança dentro de fronteiras internacionalmente
reconhecidas. Com esta finalidade, espero vivamente que, por parte de todos, se
evitem iniciativas e acções que contradizem a declarada vontade de chegar a um verdadeiro
acordo e que não nos cansemos de buscar a paz com determinação e coerência. A paz
trará consigo inúmeros benefícios para os povos desta região e para o mundo inteiro.
É preciso, portanto, encaminhar-se decididamente para ela, inclusive com a renúncia
a alguma coisa por parte de cada um. Faço votos de que os povos palestinense e
israelita e suas respectivas autoridades empreendam este êxodo feliz para a paz com
aquela coragem e aquela firmeza que são necessárias em qualquer êxodo. A paz na segurança
e a confiança mútua tornar-se-ão o quadro estável de referência para enfrentar e resolver
os outros problemas e, assim, proporcionar uma oportunidade de desenvolvimento equilibrado
tal que se torne modelo para outras áreas de crise. Apraz-me aqui fazer referência
à comunidade cristã que diligentemente presta a sua significativa contribuição para
o bem comum da sociedade e que participa das alegrias e penas de todo o povo. Os cristãos
querem continuar a desempenhar o seu papel como cidadãos de pleno direito, juntamente
com os demais concidadãos considerados como irmãos. Senhor Presidente, Vossa
Excelência é conhecido como homem de paz e artífice de paz. O recente encontro
consigo no Vaticano e a minha presença hoje aqui na Palestina atestam as boas
relações existentes entre a Santa Sé e o Estado da Palestina, esperando que possam
incrementar-se ainda mais para bem de todos. A este respeito, exprimo o meu apreço
pelos esforços feitos para elaborar um Acordo entre as Partes relativo aos diferentes
aspectos da vida da comunidade católica do país, com especial atenção à liberdade
religiosa. Com efeito, o respeito deste direito humano fundamental é uma das condições
irrenunciáveis da paz, da fraternidade e da harmonia; mostra ao mundo que é indispensável
e possível encontrar um bom acordo entre culturas e religiões diferentes; testemunha
que as coisas que temos em comum são tantas e tão importantes que é possível individuar
uma estrada de convivência serena, ordenada e pacífica, na aceitação das diferenças
e na alegria de sermos irmãos porque filhos de um único Deus. Senhor Presidente,
queridos amigos reunidos aqui em Belém, Deus todo-poderoso vos abençoe, proteja e
conceda a sabedoria e a força necessárias para levar por diante o corajoso caminho
da paz, de tal modo que as espadas se transformem em arados e esta terra possa voltar
a florescer na prosperidade e na concórdia. Salam!