Nigéria. Apelo do Arcebispo de Cantuária à comunidade internacional
“É necessário que a comunidade internacional ofereça à Nigéria, com humildade e respeito,
uma ajuda e um apoio concretos para enfrentar o Boko Haram” – declarou por estes dias
o arcebispo de Cantuária D. Justin Welby.
O Primaz da Comunhão anglicana Welby
afirmou numa carta que “para derrotar a organização extremista Boko Haram”, que no
mês passado sequestrou 276 estudantes nigerianas da sua escola de Chibok no norte
da Nigéria, “serão necessários uma combinação do trabalho da polícia local, a conquista
dos corações e das mentes das populações locais e um atento desenvolvimento espiritual
e económico”.
O arcebispo, que condenou firmemente o sequestro das meninas
e as violências ocorridas nos últimos meses, sublinhou que “a intervenção externa
é sempre difícil e complicada. Em primeiro lugar, a nossa história como potência colonial
e o papel dos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão tornam ambos os Países (e,
na realidade, grande parte do Ocidente cristão) suspeitos para muitos muçulmanos”.
Recordando com pesar a morte de centenas de vidas humanas naquele País africano, o
arcebispo de Cantuária reiterou que “a ajuda deve ser oferecida com humildade e respeito
por um povo que sofre, num País com grandes talentos e enormes potencialidades. Sobretudo,
somos chamados a identificar-nos com os pobres e os sofredores na oração. E depois
agir porque Deus nos chama a sermos a resposta à nossa oração”.
Bem armados
e bem financiados, os homens de Boko Haram – segundo o Primaz da Comunhão anglicana
– têm como objectivo declarado estabelecer um Califado islâmico radical e extremista
no norte do País. “Cristãos e muçulmanos, e os seus lugares de culto, têm sido atacados,
e sobretudo muitas das nossas dioceses têm sido gravemente atingidas. A Comunhão anglicana
na Nigéria – acrescentou D. Welby – é intimamente envolvida na busca de uma solução,
mesmo por meio do diálogo interconfessional.
Numa recente entrevista concedida
à emitente “Radio 4” D. Justin Welby sublinhou que “apesar de Boko Haram ser um grupo
não homogéneo e irracional, as autoridades nigerianas deveriam procurar de negociar
com ele”. O arcebispo, que no passado teve experiência de negociações com grupos armados
no Delta do Níger, admitiu que as negociações com a organização serão “muito difíceis,
considero, contudo, que é necessário tentar em todo caso”. (L’Osservatore Romano)