Papa na Terra Santa. Cardeal Parolin: a paz, um dos frutos da viagem
Na Audiência Geral
desta quarta-feira, 21, Francisco pediu aos fiéis para rezarem por esta missão. Mas,
quais os frutos que podem vir desta peregrinação? Responde o Secretário de Estado
vaticano, Pietro Parolin, em entrevista ao Centro Televisivo Vaticano (CTV):
Card.
Parolin: “Eu diria que os frutos serão sobretudo na direcção do encontro:
um fruto do encontro entre o Papa e as diversas realidades vividas naquela terra e
entre estas diversas realidades, e também entre elas. É um fruto de paz. Sabemos que
o Papa vai para uma terra particularmente atribulada... Eu espero verdadeiramente
que o fruto possa ser o de ajudar todos os responsáveis e todas as pessoas de boa
vontade a tomar decisões corajosas no caminho da paz”.
CTV:
Uma terra onde é difícil florescer a paz... Quais são os auspícios da Santa Sé em
relação ao diálogo israelita-palestino?
Card. Parolin:“De um
lado, o direito de Israel de existir e gozar de paz e de segurança dentro dos limites
internacionalmente reconhecidos; o direito do povo palestino, de ter uma pátria, soberana
e independente, o direito de deslocarem-se livremente, o direito de viverem com dignidade.
E depois, o reconhecimento do carácter sagrado e universal da cidade de Jerusalém,
da sua herança cultural e religiosa, portanto, como lugar de peregrinação dos fiéis
das três religiões monoteístas."
CTV: No Angelus de cinco
de Janeiro, o Papa Francisco falou desta viagem como uma peregrinação, insistindo
no aspecto da oração. Ponto alto, portanto, será o encontro ecuménico no Santo Sepulcro
com o Patriarca Bartolomeu I de Constantinopla, em recordação ao histórico encontro
entre Paulo VI e o Patriarca Atenágoras. Acredita que este encontro possa, de alguma
maneira, marcar também um momento significativo, importante, nas relações entre as
Igrejas?
Card. Parolin: “O ecumenismo foi uma das conquistas do
Concílio Vaticano II, naturalmente, ao final de um longo caminho percorrido também
pela Igreja Católica neste sentido. O encontro entre Paulo VI e Atenágoras deu um
impulso fundamental, foi determinante para este caminho ecuménico, e nos mostra que,
às vezes, os gestos servem mais do que as palavras, que são mais eloquentes do que
as palavras. Eu espero que o encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca Bartolomeu
reavive um pouco esta chama, este entusiasmo pelo caminho ecuménico que deveria animar
um pouco todas as iniciativas que existem neste sentido. Deveria existir este entusiasmo
e esta paixão pela unidade que foi a ardente oração de Jesus no Cenáculo, antes de
sua Paixão e morte”.
CTV: A viagem será também um momento de
verdadeira alegria para os cristãos que vivem na Jordânia, Palestina e Israel, cristãos
que frequentemente vivem em condições difíceis....
Card. Parolin: “Será
um momento de alegria e de conforto para todos os cristãos que vivem na Terra Santa.
E o Papa, acredito, quer sublinhar, no encontro directo com eles, duas coisas: que
estes cristãos são pedras vivas e que sem a sua presença, a Terra Santa e os próprios
Lugares Santos correm o risco de se transformar em museus," como se fala frequentemente.
Pelo contrário, a sua presença assegura que ali existe uma comunidade cristá viva
e uma presença viva do Senhor ressuscitado. E ao mesmo tempo, além desta dimensão
mais eclesial, também o papel que os cristãos do Médio Oriente e da Terra Santa desempenham
nas sociedades em que vivem, nos países em que vivem: um papel fundamental. Querem
colocar-se sinceramente à disposição dos seus concidadãos para construir juntos uma
pátria livre, justa e democrática".