2014-05-23 20:49:04

Arcebispo Tomasi: ONU reconhe compromisso da Santa Sé


Cidade do Vaticano (RV) - Foram publicadas nesta sexta-feira em Genebra, na Suíça, as conclusões do Comitê da ONU sobre o "Relatório Inicial" da Santa Sé acerca da Convenção contra a Tortura (Cat) apresentado nos dias 5 e 6 de maio por uma delegação vaticana.

Trata-se do procedimento ordinário seguido por todos os Estados signatários da Convenção (155 ao todo), à qual a Santa Sé aderiu em 2002 em nome e por conta do Estado da Cidade do Vaticano.

As conclusões do Comitê da ONU contra a tortura reconhecem os "resultados muito positivos" dos esforços feitos pela Santa Sé para conformar-se à Convenção: é o que ressalta o chefe da delegação vaticana e observador permanente da Santa Sé no escritório da ONU na cidade helvécia, Dom Silvano Maria Tomasi.

Há alguns realces críticos em relação à questão dos abusos contra menores por parte de membros do clero. Entre outras coisas – destaca o arcebispo –, as observações conclusivas do Comitê, embora reconheçam que a Convenção se aplica ao Estado da Cidade do Vaticano, dão a impressão de que todos os sacerdotes do mundo são considerados dependentes da Santa Sé, o que não é aceitável – afirma Dom Tomasi. Eis o comentário do prelado, entrevistado pela Rádio Vaticano:

Dom Silvano Maria Tomasi:- "As observações conclusivas evidenciam que nestes últimos anos foi feito um trabalho capilar não somente para aplicar os princípios da Convenção contra a tortura, mas também para prevenir a questão dos abusos sexuais contra menores. O Comitê mostrou apreço pelo diálogo construtivo que a delegação teve com especialistas desta Comissão e dedica uma palavra de apreço também ao Papa Francisco por aquilo que disse e fez em defesa dos direitos humanos. Substancialmente, diria que este Relatório, diferentemente – por exemplo – do de janeiro passado em relação à Convenção sobre os direitos das crianças, é um Relatório mais profissional e mais jurídico."

RV: Portanto, há um claro reconhecimento por parte do Comitê da ONU...

Dom Silvano Maria Tomasi:- "Há um reconhecimento do grande trabalho feito, que não se trata somente de piedosos auspícios, mas que foram tomadas veementes decisões e isso a Comissão levou em consideração, observando, por exemplo, que 848 padres foram reduzidos ao estado laical e outros 2.500 submetidos a sanções menores, mas severas, para mostrar que se está fazendo um trabalho sistemático de limpeza na casa-Igreja. Portanto, há esse aspecto de reconhecimento positivo. Há críticas que se referem em parte a estilos de procedimento que dizem respeito ao passado, e pedidos de ulteriores informações que a Santa Sé levará em séria consideração e aos quais buscará responder no próximo encontro, que terá lugar daqui a um ano no que tange às respostas com esses ulteriores esclarecimentos e informações que a Comissão solicita."

RV: Quais das observações considera receber de modo particular?

Dom Silvano Maria Tomasi:- "O fato que a Comissão pede que haja uma total independência por parte daqueles que são responsáveis em investigar acusações de pedofilia: é uma observação que certamente será levada em séria consideração."

RV: Portanto, um caminho de compromisso sempre maior, por parte da Igreja, contra os abusos...

Dom Silvano Maria Tomasi:- "Este caminho continua sendo reforçado. Há uma nova cultura no seio da Igreja, também e não somente por parte das autoridades, mas no sentir comum, de fazer todo o possível para responder ao dano que foi feito, para prevenir de modo que não se repita e se coloque em nossas costas este triste capítulo, que é o comportamento de algumas pessoas ligadas à Igreja, e buscar, ao invés, uma renovação do serviço pastoral e da evangelização, de modo que haja uma mais clara fidelidade à mensagem do Evangelho." (RL)







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